Deputados reagem à proposta de relator que ajudaria Lula: 'Indecente'
Membros da comissão especial de reforma política criticaram o deputado Vicente Cândido, que sugeriu aumentar o período em que um candidato não pode ser preso antes da votação
© Marcelo Camargo/Agência Brasil
Política Repercussão
Depois que o relator da reforma política, deputado Vicente Cândido (PT-SP), propôs modificar o artigo 236 do Código Eleitoral e aumentar o período em que um candidato não pode ser preso antes da votação, outros membros do colegiado reagiram e criticaram a proposta.
Cândido sugere que o prazo, hoje de 15 dias, seja ampliado para oito meses, com a exceção de crime em flagrante.
Ele, no entanto, diz que a regra não foi pensada para barrar nenhum processo. Porém, para outros parlamentares, trata-se de uma tentativa de evitar a prisão do ex-presidente Lula, condenado a 9 anos e meio de prisão, na semana passada, pelo juiz Sérgio Moro, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
"Essa proposta não tem cabimento. Daqui a pouco a candidatura vai ser um passe livre para bandido. É uma ideia infeliz, a famosa proposta indecente. Não fui consultado e vou votar contra. É apenas uma tentativa de blindar bandido para se candidatar", dispara o deputado Espiridião Amin (PP-SC).
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Betinho Gomes (PSDB-PE) é outro crítico de Cândido. "Na condição de relator, ele pode apresentar qualquer coisa, inclusive esse abuso. Isso é um achincalhe, uma provocação. É um escárnio com a a sociedade, algo que foge totalmente ao bom senso", avalia o tucano, em entrevista ao jornal O Globo.
Já Cândido se defende e diz que a proposta não pretende beneficiar Lula, embora reconheça que o ex-presidente pode usá-la em causa própria. "O Lula poderá ser beneficiado se houver algum abuso no período eleitoral. A lei não vai obstar o andamento do processo. Agora, se chegar em setembro e no TRF 4 o juiz condenar Lula, ele poderá evocar essa lei, dizendo ser perseguido", disse.