Temer quer reconquistar mercado, acelerar reformas e manter PSDB
Nas palavras de um assessor presidencial, a ideia é vender a imagem de que Temer deixou de ser um "reformista" para se transformar no "presidente da travessia"
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Política Futuro
Ao barrar a denúncia de corrupção passiva feita contra ele, o presidente Michel Temer pretende reconquistar o apoio do mercado financeiro, fortalecer sua base de apoio para acelerar reformas e manter o PSDB ao seu lado.
Temer se reunirá na semana que vem com líderes governistas no Congresso para montar um cronograma de votação e discutir que mudanças na reforma da Previdência são possíveis de ser aprovadas no curto prazo.
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A estratégia é enviar até o final de agosto o texto da reforma tributária, que tem menos resistência na Câmara e no Senado, e, na sequência, em setembro, colocar em votação a previdenciária. A meta é finalizá-las em outubro.
O peemedebista está estruturando ainda uma agenda de encontros com empresários e investidores para vender a imagem de que ainda tem força política para cumprir a promessa de realizar as reformas.
O presidente quer aproveitar o que o Planalto chama de "onda positiva" com a derrota da denúncia da Procuradoria-Geral da República.
O entorno do peemedebista reconhece, no entanto, que o otimismo pode arrefecer com o impacto de uma nova acusação do procurador-geral, Rodrigo Janot, até o fim de agosto por obstrução de Justiça -sem falar na possibilidade de que duas delações em negociação, de Lúcio Funaro e Eduardo Cunham, possam atingir o presidente.
A estratégia, por ora, é usar o clima político favorável, apesar dos fatores que podem prejudicar a agenda do governo.
Temer assistiu à votação da Câmara no gabinete presidencial acompanhado dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral).
Ao longo do dia, recebeu 21 deputados governistas e oposicionistas e avaliou demandas apresentadas de última hora por parlamentares indecisos.
Escalado para fazer as negociações em plenário, o ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), que se licenciou temporariamente para reassumir o mandato na Câmara, manteve contato frequente com Temer.
Além de focar num calendário de votações, Temer cobrará fidelidade dos partidos governistas, além de discutir possíveis retaliações a deputados infiéis, exonerando indicados deles em cargos de segundo e terceiro escalões.
As trocas serão baseadas no placar da denúncia e feitas pela postura individual de cada parlamentar, não pelo posicionamento partidário. Os primeiros que devem ser chamados são do PSDB, PSB e PP.
O peemedebista quer manter, pelo menos por enquanto, a configuração atual de seu ministério, com a permanência de ministros do PSDB e PSB.
Em conversas reservadas, tem dito que a fidelidade dos ministros, que reassumiram mandatos parlamentares para votar contra a denúncia, será recompensada.
Com o remanejamento de cargos, o presidente tenta recompor a base aliada, que saiu da crise política menor. Pelos cálculos do Palácio do Planalto, o total de parlamentares governistas caiu de 411 para 370, o que coloca em risco a aprovação de medidas de interesse do governo.
Nos encontros na próxima semana, o presidente pretende ainda condicionar a continuidade do PSDB no governo ao apoio dele às reformas previdenciária e tributária, que devem se retomadas a partir do final deste mês.
Em esforço para reverter a baixa popularidade, que atingiu 5% segundo o Ibope, o presidente também quer retomar agenda de viagens pelo país para defender suas realizações à frente do Palácio do Planalto.
Nas palavras de um assessor presidencial, a ideia é vender a imagem de que Temer deixou de ser um "reformista" para se transformar no "presidente da travessia" e que entregará o país com taxas de crescimento a seu sucessor em 2018. Com informações da Folhapress.