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Não existe propina sem contrapartida, diz Moro durante congresso em SP

Segundo magistrado, processos da Lava Jato comprovam essa teoria

Não existe propina sem contrapartida, diz Moro durante congresso em SP
Notícias ao Minuto Brasil

14:44 - 26/08/17 por Folhapress

Política Suborno

O juiz federal Sergio Moro afirmou neste sábado (26) que em grandes esquemas de corrupção muitas vezes os agentes públicos são subornados para oferecerem "contrapartidas indeterminadas" e a comprovação de tais situações é suficiente para aplicar condenações aos beneficiados ilicitamente.

Segundo o magistrado responsável pela Lava Jato em Curitiba, os processos da operação mostraram casos em que empresários pagaram propinas para contar com a influência dos corrompidos e ter a expectativa de que seriam favorecidos assim que surgissem oportunidades.

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"Tenho a seguinte crença: assim como vale aquela frase 'não existe almoço grátis', eu tenho muito claro que não existe propina grátis. Sempre se espera alguma coisa em troca", afirmou o juiz.

A exposição desse entendimento vem em um momento em que advogados ligados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva alegam que Moro condenou o líder petista sem apontar as situações específicas nas quais Lula teria ajudado a empreiteira OAS no esquema de corrupção na Petrobras.

O juiz apresentou sua argumentação pela manhã, ao participar em um congresso jurídico promovido pela Escola de Altos Estudos em Ciências Criminais em São Paulo.

O magistrado citou como exemplo da aplicação dessa tese um julgamento nos Estados Unidos que levou à condenação de um chefe de Poder Legislativo estadual. Moro invocou até uma passagem do filme "O Poderoso Chefão", na qual o líder mafioso atende a um pedido de um agente funerário e pede em troca ajuda em caso de necessidade futura.

No evento, o juiz voltou a dizer que está preocupado com a possibilidade de o colegiado do STF (Supremo Tribunal Federal) mudar o entendimento de que a prisão de réus pode ocorrer já a partir de condenações em segunda instância.

De acordo com Moro, ocorrerá um retrocesso "triste" e "lamentável" caso a corte altere sua posição e só passe a permitir detenções após esgotadas todas as possibilidades de recursos aos tribunais superiores. Com informações da Folhapress.

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