Segunda denúncia contra Temer deve ser apresentada ainda esta semana
Expectativa é de que presidente seja acusado por Janot de obstrução de justiça ou formação de organização criminosa
© Paulo Whitaker / Reuters
Política Política no Brasil
A segunda denúncia contra o presidente Michel Temer deve ser apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ainda esta semana, desta vez pelos crimes de obstrução de justiça ou formação de organização criminosa. A informação é da colunista Míriam Leitão, de O Globo, segundo fontes de Brasília.
Temer, prevendo o pior, aproveitou o fim de semana para se reunir com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, no Palácio do Jaburu. O objetivo era traçar um panorama sobre o cenário que encontraria, entre a base governista, caso Janot decidisse agir.
Segundo o colunista Lauro Jardim, de O Globo, alguns ministros disseram, no entanto, que a realidade "pintada" por Maia não foi das mais animadoras.
Segundo o presidente da Câmara, muitos dos aliados estão insatisfeitos com as promessas feitas por Temer, para se livrar da primeira denúncia, e que ainda não foram cumpridas.
Temer viaja nesta terça-feira (29) para a China, de onde só retorna na quarta-feira da próxima semana.
Na última quinta-feira (24), a imprensa já havia divulgado que, antes de encerrar o mandato à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR), Rodrigo Janot apresentaria uma segunda contra o presidente Michel Temer. A equipe do procurador-geral, que será substituído por Raquel Dodge no dia 18 de setembro, já estaria trabalhando, inclusive, no texto básico da acusação, de acordo com informações de O Globo.
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Temer já foi alvo de uma denúncia anteriormente, por corrupção passiva, mas conseguiu rejeitá-la no plenário da Câmara, durante votação ocorrida no último dia 2 de agosto.
O material contra o presidente se baseia nas delações de executivos da JBS. Joesley Batista, um dos sócios da empresa, chegou a entregar aos investigadores da Lava Jato um áudio contendo conversa entre ele e Temer, durante encontro fora da agenda presidencial, no Palácio do Jaburu.
Na ocasião, o empresário conta que "comprou" um procurador para atrapalhar as investigações da força-tarefa, e que está pagando uma mesada ao ex-deputado Eduardo Cunha, a fim de mantê-lo em silêncio na prisão. Além disso, comenta com o presidente que está precisando de um novo interlocutor no governo, ao que Temer indica o nome do seu então assessor Rocha Loures. Diz que Joesley pode tratar de tudo com ele.
Depois do acerto, Loures foi flagrado pela Polícia Federal (PF), em uma ação orquestrada junto ao Ministério Público Federal (MPF), recebendo uma mala com R$ 500 mil de Ricardo Saud, diretor da JBS.
Segundo a investigação, o dinheiro seria parte de propina que, ao longo de 20 anos, rendeu cerca de R$ 400 milhões a políticos do país, inclusive ao presidente Michel Temer, para quem, supostamente, seria destinada a quantia de meio milhão entregue a Loures.
Apesar de, após a rejeição da denúncia na Câmara, os aliados de Temer acreditarem que Rodrigo Janot perderia força, esta semana Lucio Funaro, apontado como operador financeiro do PMDB e ligado a Eduardo Cunha, assinou acordo de delação premiada.
Após três meses de negociações, o acerto foi concluído e, segundo fontes ligadas à investigação, é possível que o procurador-geral se baseie nos depoimentos e documentos apresentados por ele para denunciar Michel Temer, mais uma vez.
Nas tratativas iniciais, ele prometeu falar sobre um expressivo número de políticos, entre eles o presidente e bancada parlamentar ligada a Cunha.
Ainda quando da conversa entre Joesley e Temer, no Jaburu, o empresário também afirmou que fazia pagamentos a Funaro. Depois, a PF também flagrou Saud entregando outra mala com R$ 500 mil, desta vez à irmã de Funaro, Roberta, que acabou presa. O operador financeiro disse que o dinheiro era para quitar uma dívida, mas Joesley contestou a informação e afirmou que o objetivo do pagamento era evitar a delação de Funaro, que está preso desde 2016.