Marqueteiro de Temer diz acreditar que foi grampeado por Joesley
Elsinho Mouco contou que foi procurado pelo empresário para intermediar encontro com o presidente, dias antes de ele ir ao Palácio do Jaburu
© REUTERS/Leonardo Benassatto (Foto de arquivo)
Política Mais UM
Depois do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmar que acredita ter sido gravado pelo empresário Joesley Batista, agora foi a vez de o marqueteiro do presidente Michel Temer, Elsinho Mouco, dizer que também deve ter sido grampeado.
Segundo contou ao blog da Andréia Sadi, no portal G1, a reunião entre ambos ocorreu dias antes de o empresário se encontrar com Temer, no Palácio do Jaburu, quanto gravou a conversa que teve com o presidente.
De acordo com o marqueteiro, Joesley tentava contato com Temer e buscou a ajuda de dele para isso, já que tinha perdido o seu interlocutor no governo, após a saída de Geddel Vieira Lima.
O encontro entre eles teria ocorrido no dia 28 de fevereiro. Batista foi ao Jaburu logo depois, no dia 7 de março. "Diante da insistência dele [Joesley], eu disse algo mais ou menos assim, puxando pela memória: 'Joesley, ligo pra ele já, só tem uma coisa, é ruim pra mim e péssimo pra você. Ruim pra mim porque não é minha função apresentar empresário, meu trabalho é comunicação. É péssimo pra você porque eu não tenho tamanho, não sou parlamentar, te diminui. Você não precisa de ninguém pra falar com ele. O maior produtor de proteína animal do mundo e o presidente da República não precisam de intermediários. Liga direto, é melhor'. Assim me despedi", contou o marqueteiro.
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Elsinho também negou ter recebido vantagens para exercer esse papel. "Agora sei que ele [Joesley] já estava em acerto, em treinamento de 'delação', com o procurador Marcelo Miller desde a segunda quinzena de fevereiro. Ele claramente estava orientado e apavorado atrás de cúmplices. Ou seja, ele seguramente gravou a conversa esperando me cooptar. Queria me comprometer e comprometer o presidente. Como não aceitei, essa fita até agora não apareceu", ponderou Mouco.
O marqueteiro, no entanto, consta na delação da JBS. Segundo matéria da revista Época, a empresa de Elsinho teria emitido uma nota fiscal fria, que teria sido usada para justificar a entrega de R$ 1 milhão a Michel Temer.
Já ex-procurador Marcelo Miller, citado por Mouco e suspeito de ter ajudado a montar o acordo de delação da JBS, apesar de ser membro do Ministério Público Federal (MPF), nega as acusações.
Após ter se entregado à Polícia Federal (PF) e ter seu acordo de colaboração premiada revisado pela Procuradoria-Geral da República, por ter omitido informações comprometedoras aos investigadores, Joesley já confirmou ter novas gravações que, segundo ele, estão guardadas no exterior. O empresário está preso na sede da PF, em Brasília.