Em depoimento, Dilma diz que interesse na Odebrecht não era por propina
Ela foi ouvida pelo juiz Sérgio Moro, nesta sexta-feira (27), como testemunha de Aldemir Bendine, dentro do processo que investiga o ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil por recebimento de propina da Odebrecht
© Rafael Marchante / Reuters
Política Justiça Federal
Dilma Rousseff prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro, nesta sexta-feira (27), por meio de videoconferência, dentro do processo que investiga o ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Aldemir Bendine.
Ela chegou à sede da Justiça Federal, em Belo Horizonte (MG), por volta das 10h50, e foi ouvida por pouco mais de 20 minutos. Dilma não foi até Curitiba (PR) porque está cuidado da saúde da mãe, na capital mineira.
Em seu depoimento, a ex-presidente foi questionada sobre o interesse do governo na Odebrecht que, segundo as investigações, tinha um departamento dedicado apenas ao repasse de propina a políticos, diretores e funcionários de empresas públicas, com o intuito de receber vantagens indevidas em obras tocadas pela União.
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"Tínhamos uma relação de grande interesse não para que eles contribuíssem ou não para a campanha, mas pela importância que o grupo tinha e, acredito que ainda tem, na economia brasileira", respondeu Dilma Rousseff.
Ela foi ouvida na condição de testemunha de Bendine, que é réu por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, pertinência a organização criminosa e embaraço à investigação. Esta foi também a primeira vez em que a ex-presidente, que não é investigada, foi interrogada por Moro.
Segundo informações do portal Uol, além do executivo, outras cinco pessoas são rés no processo. Entre elas, está o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht.
Bendine é suspeito de receber R$ 3 milhões em propina da empreiteira para que ela, segundo os procuradores da Lava Jato, "não fosse prejudicada em seus interesses na Petrobras". Ele foi indicado ao cargo na estatal durante o governo de Dilma, em 2015.