Locadora contratada por Cristiane Brasil recebeu de dez deputados
O levantamento dos gastos foi feito com base em informações publicadas pela própria Câmara.
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A Barros & Serra Serviços Executivos, locadora de veículos contratada pela deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), faturou R$ 863,1 mil ao apresentar notas fiscais a dez parlamentares desde fevereiro de 2015, início da atual legislatura.
A exemplo do que ocorreu com a indicada para o Ministério do Trabalho, cuja posse foi barrada pela Justiça, outros contratantes empregavam em seus gabinetes integrante da família que controla a empresa no período das supostas locações.
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O levantamento dos gastos foi feito com base em informações publicadas pela própria Câmara.
Como revelou a Folha de S.Paulo, a Barros & Serra está em nome de uma tia da chefe de gabinete de Cristiane Brasil, que solicitou R$ 29,1 mil à Casa para ressarcir despesas com o aluguel de um carro.
A empresa declara funcionar no endereço em que, na prática, existe um escritório de contabilidade em Sobradinho, cidade-satélite de Brasília. No local, não há garagem, placa de identificação, balcão de atendimento, oficina ou algum outro sinal de locadora.
FATURAMENTO
Na Câmara, a Barros & Serra começou a faturar logo no início de 2015, menos de seis meses depois de ser oficialmente aberta, em agosto de 2014.
Um dos principais clientes é Luiz Carlos Ramos (Podemos-RJ), que apresentou notas da empresa no valor total de R$ 243,6 mil de fevereiro de 2015 a dezembro do ano passado. O deputado empregava como assessor de seu gabinete o administrador da empresa, Parmênio Francisco Coelho Serra, de fevereiro de 2015 a dezembro de 2016. Ele é tio da chefe de gabinete de Cristiane Brasil, Alessandra Serra Gama.
O então deputado Lourival Gomes (Podemos-RJ) declarou gastos de R$ 14 mil com a locadora em janeiro e fevereiro do ano passado. Ele é suplente e assumiu o mandato nesse período, em substituição a Ramos, que havia sido nomeado secretário da Prefeitura do Rio de Janeiro. Parmênio continuou como assessor na ocasião.
Questionado pela reportagem se considera adequado ter contratado empresa que tinha vínculo com um de seus assessores, Gomes reagiu: "Não, de maneira nenhuma". Ele, no entanto, transferiu a responsabilidade para Ramos, titular do mandato. Alegou ter recebido o gabinete já com toda estrutura montada e os prestadores de serviços contratados. "Quem mandava ali era o deputado."
A assessoria de Ramos não atendeu a contatos da reportagem.
Também requisita a empresa Benito Gama (PTB-BA), ex-presidente do PTB e um dos principais aliados do pai de Cristiane Brasil, o ex-deputado condenado no mensalão Roberto Jefferson. Desde 2015, ele pediu reembolso de despesas de R$ 133,8 mil em aluguéis de veículos. Foram 33 notas de R$ 3,8 mil.
O congressista que mais gastou com a empresa foi Fausto Pinato (PP-SP) -R$ 158,9 mil, referentes a 32 meses-, seguido de Paulo Feijó (PR-RJ) -R$ 143 mil, referentes a 23 meses, entre 2016 e 2017. Este último empregou em seu gabinete, de 2003 a 2004, a dona da Barros & Serra, Naida Maria Coelho Serra.
Além deles, são clientes da Barros & Serra Paulo Maluf (PP-SP), atualmente preso na Penitenciária da Papuda, em Brasília (gastos de R$ 7,2 mil). Danilo Forte (DEM-CE) apresentou despesas de R$ 92,4 mil, Tadeu Alencar (PSB-PE) de R$ 40 mil e Wadson Ribeiro (PCdoB-MG), que atualmente não está em exercício, R$ 15 mil.
OUTRO LADO
A reportagem telefonou para o gabinete de Luiz Carlos Ramos e explicou o conteúdo da apuração. Uma assessora pediu que a reportagem voltasse a ligar 20 minutos depois, mas não atendeu mais.
Benito Gama, Fausto Pinato e Paulo Feijó afirmaram que os serviços foram efetivamente realizados. "Comigo, é 100% [de prestação de serviços]. É [sic] dois Corollas", explicou Feijó.
As assessorias de Danilo Forte e Tadeu Alencar ainda não retornaram aos contatos da reportagem, que não conseguiu localizar representantes de Wadson Ribeiro e Paulo Maluf.
A reportagem ligou para Parmênio Serra, mas não conseguiu falar com ele. Na semana passada, ele disse que é quem "toma conta" da Barros & Serra. Alegou que a empresa aluga uma sala acima do escritório de contabilidade e que não há estrutura física grande porque os carros são alugados por mês e ficam com os clientes. Com informações da Folhapress.