Lula: 'Temos de exigir que o governo preste contas à sociedade'
Ex-presidente homenageou a vereadora, assassinada na noite dessa quarta-feira (15), no centro do Rio
© Paulo Whitaker
Política Morte
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu entrevista ao radialista Mário Kértesz, da rádio Metrópoles, na manhã desta quinta-feira (15). Ele iniciou a conversa prestando uma homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada na noite dessa quarta-feira (14), a tiros, no centro do Rio de Janeiro.
"Mãe, 38 anos, uma combatente dos direitos humanos, foi barbaramente assassinada ontem, nove tiros atingiram o carro, e seu motorista também. O que a gente pode fazer nesse momento triste é, primeiro, condenar de forma veemente a falta de segurança que tem uma grande parcela do povo brasileiro. Segundo, ser solidário com o sofrimento da família e dos amigos da jovem, que estava começando a sua vida política", disse o petista.
Lula também lembrou que uma das suspeitas levantadas para a motivação do crime está ligada à própria polícia. "E a primeira suspeita é que foi a polícia que cometeu o crime. Eu penso que é abominável isso", destacou o ex-presidente.
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Ele chamou a população a protestar e cobrar elucidação do crime. "Todos nós temos de protestar e exigir que o governo do Rio de Janeiro, que as Forças Armadas, que agora estão comandando a segurança no estado, prestem contas à sociedade, já que não podem devolver a vida da moça. Que mostrem os culpados", afirmou. "Se foi a polícia, fica até mais fácil de saber quem tinha interesse em matar a moça", avaliou.
A vereadora foi morta no veículo em que estava, com quatro tiros na cabeça. No carro ainda estavam o motorista de Marielle, Anderson Pedro Gomes, também assassinado, e sua assessora, que foi atingida por estilhaços mas passa bem. Os criminosos fugiram sem levar nada.
No início da noite, horas antes do crime, Marielle Franco havia participado de um evento de apoio a mulheres negras chamado "Jovens Negras Movendo as Estruturas", na Rua dos Inválidos, na Lapa, centro do Rio.
Quatro dias antes do crime, Marielle fez denúncias contra o Batalhão de Irajá (41ºBPM) em seu perfil nas redes sociais dizendo que a unidade estava "aterrorizando e violentando moradores de Acari", comunidade na zona norte do Rio de Janeiro.
Socióloga, Marielle foi assessora parlamentar do deputado estadual Marcelo Freixo, seu colega no Psol, antes de se eleger vereadora. Em 2016, foi a quinta vereadora mais votada no Rio de Janeiro. Na Câmara de Vereadores, presidia a Comissão de Defesa da Mulher.