Lula: 'Hoje temos Marielles espalhadas pelo Brasil inteiro'
Durante o Fórum Social Mundial em Salvador, ex-presidente falou da importância em manter a luta iniciada pela vereadora assassinada no Rio
© Ricardo Stuckert / Divulgação
Política Discurso
A exemplo do que ocorreu durante toda a quinta-feira (15) em diversas partes do Brasil, o legado e a memória da vereadora Marielle Franco tiveram grande destaque durante a Assembleia Mundial das Democracias, evento que integrou a programação do Fórum Social Mundial em Salvador.
Escolhido para encerrar o ato, no Estádio de Pituaçu, o ex-presidente Lula falou por pouco mais de meia hora, para um público de cerca de 20 mil pessoas. A maior parte do discurso foi dedicada a relembrar a luta da ativista, brutalmente assassinada um dia antes, na região central do Rio de Janeiro.
“Tem sido dias tristes para mim. Ao ver a barbaridade que fizeram com a Marielle eu fiquei pensando: é preciso ter um demônio dentro do corpo para achar que matando uma mulher de 38 anos, mãe, vereadora, morando na favela da Maré, eles pudessem aquietar a sociedade brasileira na luta pelo respeito aos direitos humanos”.
“Esses cafajestes que mataram Marielle não percebem que mataram apenas a carne dela. Mas as ideias libertárias dela hoje são muito mais fortes do que quando ela estava em vida”, disse Lula.
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O ex-presidente tem repetido, desde que soube do assassinato, que os seus problemas são pequenos diante da dor e da tristeza causadas pela morte da vereadora do PSOL. Por isso, fez questão de dizer aos presentes que a luta iniciada por ela permanecerá pelas mãos do povo brasileiro.
“Hoje temos Marielles espalhadas pelo Brasil inteiro. Pelas ruas de cidades grandes e pequenas tem gente dizendo: todo mundo agora é Marielle. E a luta que ela estava travando não vai ser em vão. E tenho certeza que veremos isso num curto espaço de tempo”.
Pouco antes de encerrar o discurso, Lula ainda enalteceu o papel que jovens e militantes como Marielle terão nos debates e lutas que devem tomar conta do país durante os próximos meses. “Eles podem fazer qualquer coisa conosco. Mas as nossas ideias já estão no ar”.
A presidenta do PT nacional, senadora Gleisi Hoffmann, também prestou solidariedade à vereadora e disse que sua morte deve servir para desencadear uma resistência ainda maior contra os retrocessos causados ao país desde o golpe de 2016. "Nós sabemos lutar e vamos resistir e lutar por Marielle, por Lula, pelo povo brasileiro e da América Latina. Por justiça, democracia e direitos”.
Com a filha recém-nascida nos braços, a deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB) também falou. “Esta é uma noite de profunda reflexão pela morte de Marielle. Mas é uma noite que nós fazemos o que ela fez durante a sua vida: firmamos o compromisso de transformar o luto em verbo”.