Ciro vai se despir da versão 'professor' para assumir 'o político'
Pré-candidato à Presidência foi questionado se o seu temperamento não desgastaria a imagem de uma liderança democrática
© Reuters/Adriano Machado
Política Mais rigor
O pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) prometeu nesta segunda (16) que vai trocar sua versão de professor, que é impaciente, pela de político, atendendo ao rigor que o cargo que disputa exige.
A promessa foi feita diante de uma plateia de empresários na região metropolitana de Belo Horizonte. Um deles havia perguntado se o temperamento de Ciro diante de perguntas provocativas não desgastaria a imagem de uma liderança democrática.
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"Sim, e todo mundo que me quer bem está me prevenindo disso", foi a resposta. "Ninguém é perfeito. Ninguém entra numa campanha e sai com o paletó limpinho."
Durante evento em Porto Alegre na semana passada, Ciro discutiu e chegou a dar tapa na nuca de um blogueiro ligado ao MBL (Movimento Brasil Livre). O chamado "pescotapa" repercutiu e motivou a pergunta ao presidenciável. Ciro afirmou que perde a paciência somente enquanto acadêmico e não no exercício de cargos públicos.
"Eu sou uma espécie de dublê de político e acadêmico. A última eleição que eu disputei foi em 2006. Nesses últimos 12 anos, eu sou um mero acadêmico e, como acadêmico, eu de fato sou muito impaciente", disse. "Eu fui ministro da Fazenda, qual foi o desatino que eu cometi? Qual foi o desatino que eu cometi na constância da autoridade de governador do Ceará?", questionou, lembrando que o político tem "treinamento para decidir corretamente sob pressão".
"Eu, pessoa particular, privada, circulando em universidades, provocado aqui e ali e descuidadamente dizendo 'vá à merda'", disse arrancando risos da plateia. "Isso eu não vou fazer porque eu compreendo que a majestade do cargo obriga você a um comportamento. Eu sou bastante treinado, arranho um inglesinho, arranho um francesinho. Eu me viro bem quando sou recebido por aí afora", completou.
O pré-candidato concluiu prometendo que não vai errar. "O que eu preciso fazer? Me despir da tarefa que está no guarda-roupa do professor, de liberdade de cátedra, e me compenetrar que estou me preparando para presidir o Brasil. E isso eu vou fazer, não vou errar, essa promessa eu lhe faço."
Ciro também cutucou os adversários, lembrando que o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa (PSB) não foram testados em cargos de administração.