Dilma diz que Palocci mentiu em delação premiada à PF
Depoimento do ex-ministro permanece sob sigilo, mas reportagem indica que declarações poderão comprometer ex-presidentes petistas
© Rafael Marchante / Reuters
Política Repercussão
A ex-presidente Dilma Rousseff criticou o ex-ministro Antonio Palocci, que fechou acordo de delação premiada com a Polícia Federal. Em nota, a petista afirma que ele produz “peças de ficção” para “agradar aos investigadores” e conseguir liberdade. As informações são do blog de Josias de Souza, do UOL.
Na quinta-feira (26), o jornal O Globo confirmou o acordo entre o ex-ministro e a PF, cujo conteúdo permanece sob sigilo. A delação também ainda precisa ser homologada pela Justiça. De acordo com a reportagem, as declarações de Palocci poderiam comprometer os ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
+ PT retira lema 'eleição sem Lula é fraude' e adota 'Lula livre'
Preso desde setembro de 2016, Palocci foi condenado pelo juiz Sergio Moro a 12 anos, dois meses e 20 dias de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Leia abaixo a íntegra da nota escrita pela assessoria de Dilma Rousseff:
1) O senhor Antonio Palocci volta a mentir ao dizer que teria participado de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o então presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, ocorrida em “meados de 2010”, no Palácio da Alvorada, para falar de financiamento de campanha. Essa reunião nunca existiu.
2) Como a própria Dilma Rousseff já havia apontado, em setembro passado, o senhor Antonio Palocci falta com a verdade. A tal reunião e outros encontros mencionados pelo jornal para tratar de acertos de propinas ou de “contratos do pré-sal” jamais existiram. São peças de ficção.
3) A delação implorada do senhor Antonio Palocci tem um problema central. Não está sustentada em provas. E ele não as tem porque tais fatos jamais ocorreram.
4) No esforço desesperado de obter a liberdade, o senhor Antonio Palocci cria um relato que busca agradar aos investigadores, na esperança de que possam deixá-lo sair da prisão.
5) A submissão da verdade ao capricho de investigadores obedece à mesma lógica dos inquisidores que cometiam abusos, sobretudo físicos, nos presos, em outros tristes tempos, para arrancar confissões.
6) Lamentável é que a “confissão” sem provas tenha se tornado o retrato desses nossos tempos, em que, a cada dia, o Estado de Exceção vai corroendo a frágil democracia e suas instituições. Nada estranho, agora, que até a presunção de inocência passe a ser negada ou esquecida, e sempre combatida.
7) O Globo, mais uma vez, deixa de lado os princípios jornalísticos. Não procura ouvir os “acusados”, nem publica qualquer linha sobre o que pensam os advogados dos dois ex-presidentes. Não há sequer uma menção de que ambos teriam sido procurados, o que mostraria ao menos um aparente compromisso do jornal com a verdade, base da ética de uma imprensa livre de países democráticos.
8) Por fim, é preciso reiterar que o jornalismo de guerra praticado pelas Organizações Globo vem tentando eliminar Lula e Dilma da vida política nacional, adotando como regra o justiçamento midiático. Em vão. Não terão êxito.