Em debate, Ciro e Boulos defendem limites na atuação do Judiciário
Durante o debate, os presidenciáveis discutiram temas como educação, reforma tributária, segurança e economia
© REUTERS
Política Encontro
Os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL) fizeram manifestações contra um suposto excesso da atuação do Poder Judiciário, durante debate com pré-candidatos à Presidência, nesta quinta (10).
O encontro, que também contou com Manuela D'Ávila (PCdoB), Henrique Meirelles (MDB) e Álvaro Dias (Podemos) foi promovido pela Unale (União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais) e aconteceu em Gramado (RS).
Ciro defendeu que o país precisa sair das eleições ganhando da mão do povo a "simples e pura premissa da democracia". "Quem manda no país não é Judiciário extrapolando lei, não é jovem do Ministério Público, por melhor que seja sua intenção. Quem manda no país é o povo e a sua representação."
Boulos afirmou que o Judiciário tem interferido no jogo político e partidário. "O Poder Judiciário é fundamental para a República, mas tem suas competências e não pode extrapolá-las. Não pode se colocar acima do voto popular. Na democracia o povo decide em última instância."
+ Temer ainda não decidiu se deixará corrida presidencial, diz Meirelles
As declarações vêm em um momento de forte crítica de alguns setores da sociedade à Operação Lava Jato, cuja investigação culminou na provável inelegibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado em segunda instância a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.
Durante o debate, os presidenciáveis discutiram temas como educação, reforma tributária, segurança e economia.
Todos concordaram que é necessário realizar uma reforma tributária progressiva, que incida mais na renda do que no consumo, aliviando as camadas mais pobres. Manuela foi mais longe e defendeu a cobrança de impostos a partir da capacidade contributiva de cada cidadão.
Meirelles ocupou a maior parte de seu tempo falando sobre a necessidade de assegurar o crescimento econômico e a inflação controlada para prover condições de realizar novos investimentos.
"No momento que adotamos medidas duras a economia voltou a se estabilizar, os investimentos voltaram a crescer", afirmou.
Boulos, por outro lado, reagiu a Meirelles dizendo que esse discurso é antigo. "O momento do investimento é agora e tem condições para isso", afirmou.
Manuela também se manifestou: "Tem gente que acha que o Brasil pode voltar a investir na área social no século 22. O Estado tem que ter capacidade de investir e, por isso, temos que fazer uma reforma tributária, enfrentando interesses poderosíssimos."
Ciro, Manuela e Boulos citaram o insucesso da guerra às drogas como um dos motivos para a escalada da violência. Boulos também criticou a defesa do armamento da população: "Acreditar que armar as pessoas vai reduzir a violência é quase igual a acreditar que distribuir cachaça vai diminuir o alcoolismo."
Álvaro Dias manteve o discurso anticorrupção e citou a importância da Lava Jato no combate ao enriquecimento ilícito. Segundo ele, a grande missão das eleições é a refundação da República. "É uma exigência coletiva que passa pelo desmonte desse sistema de governança corrupto", disse. Ciro e Manuela, que têm mantido conversas sobre o cenário eleitoral, sentaram lado a lado e trocaram comentários e risadas.
Durante sua apresentação, a comunista pediu à produção um copo d'água. O pedetista levantou-se e entregou um que estava a sua frente. Manuela agradeceu: "Homens gentis e dedicados ao Brasil merecem nossa amizade". Com informações da Folhapress.