Em 1º discurso como candidato, Bolsonaro diz não ser salvador da pátria
Deputado termina discurso de quase uma hora dizendo que 'Deus não chama os capacitados, capacita os escolhidos'
© Ricardo Moraes/Reuters
Política Eleições
Em seu primeiro discurso como candidato à Presidência da República pelo PSL, o capitão reformado Jair Bolsonaro fez um afago a gays, mulheres, negros e nordestinos, ao pedir união, ao mesmo tempo em que a ideologia é um mal tão grave quanto a corrupção.
Logo nos primeiros minutos de quase uma hora pela qual discursou, ele afirmou não ser o salvador da pátria, mas ao final usou o dito "Deus não chama os capacitados, capacita os escolhidos" para dizer que não entende de economia. Nesse momento, ele mencionou seu principal conselheiro na área, o economista Paulo Guedes.
Em evento realizado no Rio de Janeiro, o PSL oficializou o deputado federal como seu candidato ao Palácio do Planalto. O nome de seu vice ainda não foi formalizado, embora a advogada Janaína Paschoal, uma das favoritas para o posto, estivesse presente.
Bolsonaro repetiu várias de suas falas que vem fazendo desde que se filiou ao PSL em março deste ano. Ele voltou a criticar o centrão - bloco formado por DEM, PP, SD e PR - e a esquerda, a quem culpou pelos problemas atuais do país.
Ele voltou a falar que indicará um militar para comandar o Ministério da Defesa caso seja eleito e destacou que os militares terão papel de importância em eventual governo. "Irmãos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, vocês serão reconhecidos no meu governo. Vocês são atacados diuturnamente, acusados dos maiores absurdos por essa esquerda que está ai porque vocês são o último obstáculo para o socialismo", disse.
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Como promessa de campanha, falou em acabar com estatais, prometeu reverter a lei da palmada e a emenda constitucional que trata de temas fundiários, dizendo que a esquerda não respeita propriedade privada porque nunca trabalhou.
Ao longo do discurso, afirmou diversas vezes que seu nome não agrada a imprensa, e foi acompanhado pela plateia de fãs, que concordava e gritava críticas a grupos de comunicação como "Globo lixo".
"Eu sou o patinho feio nessa história, mas tenho certeza que seremos bonitos navegantes", afirmou.
Com dificuldades de firmar alianças políticas, e com seu vice ainda indefinido, Bolsonaro falou sobre o fato de estar isolado na corrida presidencial como motivo de orgulho.
"Nós temos que fazer esse Brasil grande. Para fazer esse time campeão, o seu chefe não pode estar devendo nada para partido politico nenhum", afirmou, embora tenha tentado negociar a vaga de vice em sua chapa com o PR de Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão.
O presidenciável disse ainda que para indicar nomes para eventuais ministérios, não levará em conta questões de diversidade. "Ministério tem que ter critério de competência. Não interessa cor, religião".
Ao fim de sua fala, Bolsonaro culpou a esquerda e o PT por dividirem o país. Em resposta, pediu a união entre o Sul e Nordeste do Brasil, entre brancos e negros e homens e mulheres.
"Vamos unir brancos e negros, homos e héteros, ou trans também, não tem problema."
Sem mencionar exatamente quais programas, criticou a televisão brasileira por exibir conteúdo que chamou impróprio e que ajudam a destruir a cabeça de crianças em apenas dez minutos.
Criticado por posturas consideradas preconceituosas, o candidato do PSL vem tentando adaptar seu discurso, mas ao se referir a um cearense que conheceu em viajem ao exterior, chamou de "cabeça chata".
"Esse pessoal cabeçudo está em tudo qualquer lugar", afirmou. "Minha filha tem em suas veias, sangue de cabra da peste", disse, mencionando que o sogro é nordestino.
Contra a fama de misógino, Bolsonaro tentou fazer um aceno às mulheres, dizendo que vai ter políticas voltadas para mães solteiras, ao mesmo tempo, atribuiu às mulheres o papel de responsáveis pela educação de crianças e disse "o que realiza uma mulher é um filho".
O candidato disse ainda que o país não aguenta mais quatro anos de PT ou de PSDB e que sua equipe quer "trazer a solução para o Brasil".
"Algo tão ou mais grave quanto à corrupção é a questão ideológica que tomou parte do Brasil", disse, ao apontar os problemas atuais.
Ao longo de toda sua fala, o deputado fez diversas citações a Deus, se disse cristão, casado com uma evangélica e que eles vivem bem. Frase estampada no salão onde foi realizada a convenção, ele repetiu trecho da Bíblia de João. "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará."
"O Brasil precisa de verdade, não precisa de marqueteiros, não precisa de centrões, não precisa de demagogos e populistas. O Brasil só quer uma coisa: a verdade", afirmou. Com informações da Folhapress.