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Polícia investiga repasses à família de Romero Jucá

As transferências foram consideradas atípicas pelo Coaf (órgão do Ministério da Fazenda que controla atividades financeiras) e informadas, a pedido, à polícia

Polícia investiga repasses à família de Romero Jucá
Notícias ao Minuto Brasil

10:03 - 10/09/18 por Folhapress

Política Senadores

Repasses feitos a parentes ou a empresas da família do senador Romero Jucá (MDB-RR) viraram alvo de investigação da Polícia Civil de Roraima, que apura suspeitas de lavagem de dinheiro nas transações, segundo documentos obtidos pela reportagem.

As transferências foram consideradas atípicas pelo Coaf (órgão do Ministério da Fazenda que controla atividades financeiras) e informadas, a pedido, à polícia.

São investigados, de forma preliminar, a atual mulher de Jucá, Rosilene Brito, e dois filhos do senador com Germana de Holanda, sua primeira mulher, Rodrigo e Marina. O procedimento, aberto no início deste ano, corre em sigilo.

Ano passado, Rodrigo e Marina foram alvo de uma operação da Polícia Federal que investigava desvio de verbas públicas. Eles negam ter cometido irregularidades.

Na investigação da Polícia Civil, uma das transações relatadas como merecedora de "análise minuciosa" é um depósito de R$ 572 mil na conta da Buritis Comunicações Ltda., afiliada da Rede Bandeirantes no estado, que pertence a Rosilene e a Rodrigo Jucá.

A transferência foi feita pela Oliveira Energia, empresa de Manaus que arrematou a distribuidora da Eletrobras em Roraima em leilão de 30 de agosto, pelo valor simbólico de R$ 50 mil.

No mesmo dia, Jucá divulgou uma nota pública negando ser sócio de qualquer firma do setor elétrico e listando benefícios da transação.

Além do repasse à Oliveira, a polícia também apura depósito de R$ 151 mil da Fenixsoft Gestão de Softwares a Marina Jucá.

A empresa firmou três convênios nos últimos anos com a Prefeitura de Boa Vista, gerida por outra ex-mulher do senador, Teresa Surita (MDB).

O Coaf ainda levanta suspeitas sobre movimentações em espécie ou sem justificativas feitas tanto por Marina como pela Buritis Comunicações.

Em um trecho de perícia da Polícia Civil, é dito que o Coaf informou que "a sra. Marina de Holanda Menezes Jucá foi objeto de comunicação com o valor total de movimentação financeira de R$ 4.192.615, em sua conta corrente no Banco Bradesco em Boa Vista, movimentação atípica, já que ela declarou renda mensal de apenas R$ 30 mil".

Há, ainda, duas comunicações do Coaf que apontam que Rosilene Brito comprou vestidos de luxo por meio de depósitos não identificados no ano passado, que custaram aproximadamente R$ 65 mil. O Coaf diz que há "sérios indícios" de ocorrência de crime de lavagem de dinheiro.

Jucá era o líder do governo Michel Temer no Senado até o último dia 27, quando deixou o posto. Ele concorre à reeleição. Já a atual gestão de Roraima, que comanda a Polícia Civil, é governada por Suely Campos (PP), que faz oposição ao emedebista.

OUTRO LADO

Procurado, o senador Romero Jucá disse por meio de nota que não tem empresa em seu nome, não é sócio em negócios e não interfere na administração das empresas de seus filhos.

A nota diz que ele recebeu a demanda da reportagem com surpresa e afirma que a divulgação do material tem por objetivo "tentar atingir a imagem do senador que concorre à reeleição e sempre manteve uma postura de oposição crítica à governadora Suely Campos".

Jucá diz que não foi procurado pela Polícia Civil para esclarecimentos e critica o que chama de "total falta de seriedade do comando" do órgão.

"O senador reafirma que não tem nenhuma relação com a Oliveira Energia. Assim como outros parlamentares ele participou da Comissão de Constituição e Justiça que analisou a constitucionalidade da venda das subsidiárias de energia do país", diz a nota.

"A operação em que a Oliveira arrematou a subsidiárias de Roraima foi feita em um leilão público na Bolsa de Valores de São Paulo, comandado pelo BNDES, transmitido pelos veículos de comunicação e aberto para empresas nacionais e internacionais."

A Buritis Comunicações afirma que mantém rigoroso controle financeiro com registros de notas fiscais e mapas de mídia de todos os seus clientes. Também diz que recebe pagamentos de anunciantes de todo o país. A Oliveira, afirma, manteve contrato de mídia até janeiro de 2017.

A análise dos documentos, informa, está à disposição dos órgãos de fiscalização.

A reportagem procurou a Oliveira Energia durante a manhã e a tarde da quinta (6). Ninguém atendeu aos telefonemas e o email de contato publicado no site da empresa não funcionava e retornou as mensagens.

O BNDES, que fez o leilão da distribuidora, disse que a vendeu por valor simbólico porque a dívida assumida pela empresa foi avaliada em R$ 342 milhões a mais do que o valor da companhia.

Marina Jucá diz que "os valores questionados se referem aos pagamentos que recebeu quando foi diretora comercial da Rede Triângulo Modas, uma antiga rede de varejo, pertencentes à Fenixsoft. Todos os valores recebidos foram declarados em seu imposto de renda". Contatada, a Fenixsoft não se manifestou. A Prefeitura de Boa Vista diz que não há relação que justifique a suspeita sobre a Fenixsoft. Com informações da Folhapress.

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