Acusações de corrupção dominam debate entre candidatos ao governo do RJ
Principal alvo foi Eduardo Paes (DEM), acusado de ter cometido atos ilícitos na prefeitura da capital fluminense
© Henry Romero / Reuters
Política Troca
Acusações de corrupção -a níveis federal e regional- dominaram o debate entre candidatos ao governo do Rio de Janeiro, promovido pela Rede Globo na noite desta terça-feira (2).
O principal alvo foi Eduardo Paes (DEM), acusado de ter cometido atos ilícitos na Prefeitura do Rio (2009-2016) e cobrado por ter sido citado em delações de executivos da Odebrecht.
Tarcisio Motta, candidato do PSOL, questionou Paes sobre uma suposta conta na Suíça por meio da qual o ex-prefeito teria recebido propina da empreiteira. Motta lembrou que Paes era tratado pela alcunha de "nervosinho" nas planilhas de propina da Odebrecht.
"A própria adjetivação 'nervosinho' é porque eu não dava intimidade, não era um sujeito afeito a conversas, assim que eu sempre agi na vida pública", respondeu o ex-prefeito.
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"Acho que todo mundo que está na vida pública está sujeito a investigações. Compete a quem delatou comprovar." Paes negou ter qualquer conta no exterior e afirmou que nenhum delator mencionou contrapartidas por parte da Prefeitura.
Segundo as delações da empreiteira, Paes teria recebido mais de R$ 16 milhões em troca da facilitação de contratos da Odebrecht nas Olimpíadas de 2016. Ele também foi citado na colaboração premiada do marqueteiro Renato Pereira, que disse que recebeu por meio de caixa dois pagamentos referentes à campanha de Paes à Prefeitura, em 2012.
Questionada pelo ex-prefeito sobre como controlaria a corrupção em seu governo, Marcia Tiburi (PT) relembrou o episódio que ficou conhecido como "farra dos guardanapos" e trouxe à tona a ausência do ex-governador Anthony Garotinho (PRP), que costuma rememorar o caso.
Garotinho, que aparecia tecnicamente empatado em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, não participou do debate porque o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) barrou sua candidatura na última semana, com base na Lei da Ficha Limpa.
A "farra dos guardanapos" citada por Tiburi, imortalizada em registro fotográfico, teve como estrelas o ex-governador Sérgio Cabral (MDB) e aliados, que participavam de um jantar em Paris, na França. Paes esteve no encontro, mas saiu à francesa e não participou da foto.
"Essa farra ficou no imaginário popular como sendo o verdadeiro símbolo da corrupção do MDB", disse Tiburi. A petista também acusou Paes de golpista por, na sua visão, ter traído os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT), que fizeram fortes investimentos no estado.
"Sua saudade de Garotinho mostra que a senhora gosta mesmo de um presidiário", Paes rebateu. Tiburi, em seguida, sugeriu que o ex-prefeito também pode acabar culpabilizado por atos ilícitos. "Muita gente é presidiária e inocente e muita gente bandida está aqui fora. Inclusive, o senhor a qualquer momento... Pode acontecer uma coisa triste na sua vida, nesse sentido. No Brasil, basta o senhor ter inimigos que você pode ser injustiçado."
Paes também foi alvo de Índio da Costa (PSD), que lembrou que o Ministério Público pediu a derrubada de liminar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que viabilizou a candidatura do ex-prefeito.
Paes se tornou inelegível por oito anos após ser condenado por abuso de poder político-econômico e conduta vedada ao agente público pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio de Janeiro. Em maio deste ano, obteve liminar do ministro Jorge Mussi que suspendeu os efeitos da decisão, o que permitiu o registro de sua candidatura.
Índio disse que, mesmo que a candidatura de Paes não seja barrada, o ex-prefeito continuará a responder na Justiça por corrupção, quadrilha, peculato e evasão de divisas. Paes não responde, por enquanto, a qualquer processo criminal.
O candidato do PSD questionou, em seguida, se o ex-prefeito fará como o presidente Michel Temer (MDB), utilizando a máquina pública e o foro privilegiado para se defender.
Índio também atacou Tiburi, afirmando que a candidata representa a quadrilha que roubou o Brasil, assim como Fernando Haddad, que disputa a Presidência pelo PT.
Ele disse, ainda, que Lula quer mandar no Brasil de dentro da cadeira, assim como Cabral, que teria como objetivo comandar o Rio de Janeiro por meio de Eduardo Paes. "A delação do Palocci [Antônio, ex-ministro] fala claramente: Lula sabia de tudo. Lula livre, não. Lula preso para dar o exemplo."
Tiburi respondeu que não pertence a nenhuma quadrilha. "Faço parte do partido mais querido do Brasil."O senador Romário Faria (Podemos), segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, não escapou das acusações de Índio. O ex-secretário de Marcelo Crivella (PRB) disse que Romário, devedor da União, oculta bens ao colocar posses no nome de sua irmã. Índio afirmou que todo seu dinheiro é limpo. "Diferente do seu, que ninguém sabe de onde vem."
Em resposta, Romário disse que Índio está desesperado por não ter decolado nas pesquisas. "Pô, tá de brincadeira. Futebol profissional dos 18 aos 40 anos, meu dinheiro vem daí. Meu dinheiro é declarado, dei sim para a minha mãe, como posso dar para quem eu quiser." Com informações da Folhapress.