Record é acusada de pressionar jornalistas para favorecer Bolsonaro
Segundo o Sindicato de Jornalistas de São Paulo, os profissionais da emissora estão sofrendo pressões abusivas
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Política Eleições
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (SJSP) divulgou uma nota nesta sexta-feira (19) afirmando ter recebido denúncias de vários jornalistas da Rede Record (televisão, rádio e portal R7) que disseram estar sofrendo pressão permanente da direção da emissora para que o noticiário beneficie Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência da República, e prejudique Fernando Haddad, do PT.
“A entidade torna público, como exige seu dever de representação da categoria, o inconformismo desses profissionais com as pressões inaceitáveis e descabidas em uma empresa de comunicação”, disse o sindicato no comunicado.
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O sindicato ressalta ainda que a pressão interna para o favorecimento de Bolsonaro tem origem no apoio público de Edir Macedo, dono da emissora. No dia 30 de setembro, o líder da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) declarou apoio ao capitão reformado na corrida presidencial.
“A partir daí, o noticiário começou a dar uma guinada, ainda antes do primeiro turno eleitoral. Um momento importante foi a entrevista com Jair Bolsonaro levada ao ar em 4 de outubro, no mesmo momento em que sete outros candidatos à Presidência realizavam um debate na TV Globo, com a ausência do líder nas pesquisas”, acrescenta o Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo.
“O portal R7 também passou a ser dirigido a favor do candidato do PSL de forma explícita: por vários dias seguidos, os destaques da rubrica “Eleições 2018” na home se dividiam entre reportagens favoráveis a Bolsonaro e reportagens negativas a Haddad”, relata a nota do Sindicato.
“É preciso considerar que a Rede Record é uma empresa privada, para a qual a legislação prevê o “poder diretivo” do empregador sobre os funcionários. Isso funciona para o conjunto das relações de trabalho, mas o jornalismo está entre as profissões que exigem relativa autonomia por sua própria natureza (como acontece, por exemplo, com os professores). O compromisso do profissional com o “acesso à informação”, cláusula pétrea da Constituição, deve ser preponderante quando existe um conflito”, ressalta a entidade.
Além da denúncia, o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo publicou uma nota de repúdio. Leia abaixo:
Em defesa do direito à informação correta e equilibrada na cobertura das eleições, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo repudia as pressões feitas pela direção da Record e exige o respeito à autonomia de apuração e edição dos jornalistas da empresa. Em função da situação, adota ainda as seguintes providências:
a) respeitando a autonomia da Comissão de Ética do SJSP, reforça o pedido para que a direção da Record endosse o “Protocolo Ético para o Segundo Turno das Eleições 2018”, enviado pela Comissão de Ética para a chefia do jornalismo de todas as empresas de comunicação do Estado;b) solicita uma reunião imediata com a empresa para expressar diretamente sua posição e reivindicar garantias de que as pressões sobre os jornalistas serão interrompidas o quanto antes;c) insiste desde já com as empresas de rádio e televisão do Estado para que, nas negociações da campanha salarial deste ano (data-base em 1º de dezembro), seja incluída a cláusula de consciência, integrante da pauta de reivindicações;d) decide inserir as denúncias relativas à Rede Record no dossiê que prepara para entregar ao Ministério Público dos Direitos Humanos sobre a violação de garantias profissionais dos jornalistas no atual período eleitoral; ee) coloca-se à disposição de todos os jornalistas da emissora para fazer debates, reuniões e adotar todas as medidas necessárias para garantir o respeito à autonomia profissional a que todos os jornalistas, e cada um, têm direito.
São Paulo, 19 de outubro de 2018
Direção - Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo