Candidatos progressistas encontram dificuldade, diz Rollemberg
Para o governador, disparidade nas pesquisas de intenção de voto se deve ao desconhecimento de sua trajetória
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Política tenta reeleição
Com dificuldade para crescer nas pesquisas, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), afirma que não fez tudo o que gostaria no governo e ressalta que precisa ser sincero com o eleitor.
O candidato do PSB recebeu a reportagem em um prédio simples que abriga seu comitê de campanha no setor de indústrias de Brasília. Ele avalia que o momento político, de onda conservadora e de direita, traz dificuldades para candidatos progressistas.
Com 25% das intenções de votos válidos na última pesquisa Datafolha, contra 75% de Ibaneis (MDB), o governador afirmou que se preocupa com a possibilidade de seu oponente assumir o governo depois que ele "arrumou a casa".
PERGUNTA - Sua propaganda na TV diz que você não conseguiu fazer o governo que gostaria. O que não conseguiu?
RODRIGO ROLLEMBERG - Pegamos o Distrito Federal com um rombo de R$ 6,5 bilhões. Nós priorizamos arrumar as contas, tivemos que fazer ajustes duros. Conseguimos pagar os servidores e fornecedores em dia, pagar grande parte da dívida que recebemos do governo passado, mas é claro que isso acabou impedindo que a gente fizesse mais realizações.
Não fizemos tudo. Queríamos ter feito a ampliação do metrô e só conseguimos soltar a licitação agora, em função de que o ministério só liberou os recursos agora. Fizemos a desobstrução da orla do Lago Paranoá, enfrentando os poderosos, mas não fizemos tudo o que gostaríamos, como garantir que todas as crianças de seis meses a cinco anos estivessem matriculadas em creches ou na educação infantil. Mas amentamos 16 mil vagas.
P - Ao reconhecer essas dificuldades, o senhor passa uma imagem de humildade ou de inabilidade?
RR - O eleitor quer sinceridade. O que a gente tem procurado mostrar é a realidade. Mostramos que é possível governar sem corrupção em uma cidade que foi maltratada pela corrupção. E com resultados, mas não com todos os resultados.
P - As pesquisas mostram o senhor muito atrás de seu concorrente. A que atribui essa diferença?
RR - Um desconhecimento da trajetória do candidato e dos apoios que ele tem. No primeiro turno, todos os candidatos me atacavam com o objetivo de ir para o segundo turno e esqueceram o candidato Ibaneis, que tinha um tempo maior de televisão. Ele comprou muito voto, abusou do poder econômico. Disse que vai construir casas com o dinheiro dele, desafiando a Justiça.
P - Acha que foi atingido por essa onda de direita?
RR - Os candidatos progressistas encontram um ambiente de mais dificuldade neste momento. E é claro que quem está no governo num momento difícil de desgaste da política acaba tendo mais dificuldades.
P - O que pensa sobre a possibilidade de Ibaneis assumir o governo?
RR - Tenho a consciência tranquila de que cumpri uma missão. Eu tenho muita preocupação de que o grupo político que destruiu Brasília pela corrupção e irresponsabilidade fiscal possa voltar a governar essa cidade, pegando o governo numa condição muito melhor.Eu já ouvi de um adversário: "Você está fazendo o melhor governo para alguém suceder. Está arrumando toda a casa". Mas tenho convicção que até 28 de outubro a população vai reconhecer isso para que a gente possa continuar esse trabalho.
P - O senhor mudaria a gestão da Saúde, uma das maiores reclamações da população?
RR - A saúde é o maior problema de todos os estados brasileiros e é o maior problema do Distrito Federal há muitos governos. Recebemos R$ 600 milhões de dívidas só na saúde. Também tínhamos serviços prestados sem contrato. Nós enfrentamos todos os obstáculos para fazer as licitações e economizamos mais de R$ 200 milhões por ano.Se você for no Hospital de Base, vai colher depoimentos de que melhorou muito. Está perfeito? Não está, mas melhorou muito e foi uma guerra pra fazer. Se a gente tiver oportunidade de governar mais quatro anos, vai melhorar.
P - O senhor vai conceder reajustes aos servidores públicos?
RR - Vamos governar com respeito ao servidor público e responsabilidade. Para o próximo ano, temos a previsão de R$ 600 milhões para recomposição salarial. Finalmente poderemos dar a última parcela do reajuste dado pelo governo anterior a partir de junho. As promessas que o nosso adversário está fazendo, se por infelicidade Brasília elegê-lo, nós vamos viver o caos. São promessas irrealizáveis e descabidas. O que nós vamos fazer são algumas correções.
P - Quem o senhor vai apoiar à Presidência da República?
RR - Estamos vendo uma radicalização nefasta da política. Nosso objetivo é unificar Brasília. Por isso optamos pela independência, ressaltando valores como a defesa da democracia, o combate à corrupção, a defesa dos direitos humanos e o respeito à diversidade. Com informações da Folhapress.