'É tratorar', diz Eduardo Bolsonaro sobre esquerda na Câmara
"Acho que no dia 1º de janeiro, se der bobeira, já tem pedido de impeachment para ser impetrado", afirmou o deputado federal
© Ricardo Moraes / Reuters
Política Declaração
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) defendeu que o futuro presidente da Câmara aja como um trator diante dos partidos de esquerda que integram a Casa. Segundo ele, a oposição já demonstrou que vai tentar derrubar o governo de seu pai, o presidente eleito Jair Bolsonaro.
"Acho que no dia 1º de janeiro, se der bobeira, já tem pedido de impeachment para ser impetrado. Então, com esse tipo de oposição, que não está a fim de dialogar ou de criticar e apontar os defeitos do governo, mas está se preocupando em derrubar um governo que sequer tomou posse, acho que não tem como dar ouvidos. É tratorar", afirmou em entrevista ao SBT neste domingo (4).
Questionado sobre o que quis dizer com a expressão, o deputado disse que o presidente deve evitar que os parlamentares de esquerda obstruam a votação das pautas na Casa, colocando questões de ordem e apresentando recursos.
"Temos que ter um presidente que acelere a sessão que não deixe cair nessa ladainha da esquerda de toda hora colocar questão de ordem, [criar] confusão no meio da sessão para ela cair ou não se votar nada", disse.
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O deputado definiu como "perfil trator" aquele que tenha pulso firme, conheça o regimento interno da Câmara e defenda as pautas que o Brasil precisa para seguir adiante. Ele citou os nomes do atual presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), Capitão Augusto (PR-SP), Alceu Moreira (MDB-RS) e delegado João Campos (PRB-GO).
Na mesma entrevista, o deputado defendeu um diálogo amplo para garantir a votação das propostas do governo.
"Ali tem diálogo com todo mundo. Os deputados nos seus mandados devem satisfação aos seus eleitores. A gente não entra ali dentro com faca nos dentes, procurando quem é corrupto e quem não é para derrubar o cara. Não é esse o papel de um deputado. Você vai acabar negociando com todo mundo", afirmou.
Com cerca de 1,8 milhão de votos, Eduardo Bolsonaro foi reeleito deputado federal por São Paulo e se tornou o candidato ao cargo mais votado da história do Brasil.
Ele falou da responsabilidade, tanto pelo número de votos como por ser filho do próximo presidente, e brincou que outros parlamentares dizem que seu gabinete será uma "embaixada do Palácio do Planalto" na Câmara. Eduardo disse ainda que desde a eleição há filas na porta de seu gabinete e que tem feito reuniões até no banheiro da Câmara.
Sobre a declaração feita há meses, em que disse que bastariam um cabo e um soldado para fechar o STF (Supremo Tribunal Federal), ele justificou que não havia falado que queria fechar a corte, mas que aprendeu com o episódio.
"Fica um aprendizado sim. Você vai amadurecendo, vendo que as suas palavras a cada momento que você vai falar, pode ser numa coletiva de imprensa ou para um estudante que está de visita no Congresso Nacional, até porque a esquerda vai se valer de tudo para atrapalhar nossa vida no ano que vem", declarou.
O parlamentar falou ainda do papel da imprensa, elogiou a fiscalização das contas do governo, mas criticou reportagem da Folha de S. Paulo, que revelou que ele viajou com recursos da Câmara a Santa Catarina, para treinar tiro esportivo, e para o Rio Grande do Sul, para visitar a namorada.
"Teve um veículo da imprensa, prefiro não nomear, mas quem está por dentro da política sabe, fez uma matéria falando que eu fui 20 vezes para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, dando a entender que fui ali para curtir, porque a minha namorada é gaúcha", disse.
Segundo Bolsonaro, ele viajou para participar de audiências públicas contra o estatuto do desarmamento e a favor do projeto Escola Sem Partido.
Na ocasião, a reportagem entrou em contato com o gabinete do deputado solicitando agendas que justificassem as viagens, porém não obteve resposta. Com informações da Folhapress.