Questionado sobre Funai, Bolsonaro diz que Moro está sobrecarregado
Presidente eleito evitou, contudo, confirmar que a instituição sairá do guarda-chuva da Justiça, como está atualmente
© Adriano Machado / Reuters
Política Indefinição
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, disse que o futuro ministro da Justiça, Sergio Moro, está sobrecarregado ao ser questionado sobre o futuro da Funai.
"O Moro está sobrecarregado lá", disse Bolsonaro nesta quarta-feira (5).
Ele evitou, contudo, confirmar que a instituição sairá do guarda-chuva da Justiça, como está atualmente.
"Eu não posso afirmar. Se eu afirmo e ela fica, vão falar que eu voltei atrás", disse.
Mais cedo, Moro disse em entrevista no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), que a Funai poderia ficar subordinada à Justiça.
Bolsonaro limitou-se na dizer que o órgão "vai para algum lugar".
Ele disse ter sido vítima de uma "maldade" de jornalistas sobre declaração feita na semana passada sobre os índios, quando disse que pessoas querem que eles permaneçam em reservas como se fossem animais em zoológicos.
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"Alguns setores da imprensa fizeram uma maldade comigo. O índio quer energia elétrica, quer médico, quer dentista, quer internet, jogar futebol. Quer o que nós queremos", afirmou.
Ele repetiu declarações da semana passada ao dizer que na Bolívia um índio é presidente.
"Aqui no Brasil, alguns querem que o índio continuem na reserva como se fosse animal zoológico. Eu não quero isso. Eu quero tratar o índio como ser humano. Eu quero que o índio explore a sua propriedade, seu subsolo, ganhe royalties sobre isso, plante", afirmou.
Ele citou o episódio de disputa de território em Roraima da Raposa Terra do Sol, que foi parar no STF (Supremo Tribunal Federal), dizendo que foi um crime.
"Para que não aconteça aquele crime que aconteceu em Raposa/Serra do Sol, de onde os rizicultores foram expulsos. Roraima, que exportava arroz, agora importa. E os índios foram constituir favela na periferia de Boa Vista", disse.
Após a disputa entre agricultores e indígenas, o STF decidiu em 2008 manter a demarcação do território de 1.747.464 hectares, obrigando a retirada de não índios do local.
Bolsonaro é crítico em relação à demarcação de terras e já disse que acabaria com o processo em seu governo.
"O homem do campo não pode acordar e ler nos jornais que a sua terra, a partir de hoje, por uma portaria do Ministério da Justiça, iniciou-se para ser demarcada como terra indígena. Isso não podemos suportar mais", disse. Com informações da Folhapress.