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Governo conclui relatório sobre pesquisa clínica sem anuência de pesquisadores

Depois de uma audiência pública no Senado e duas reuniões do grupo de trabalho envolvendo interessados na área de pesquisa clínica, o Ministério da Saúde enviou relatório do grupo ao Senado sem avisar a seus integrantes. A acusação parte da Aliança Pesquisa Clínica Brasil, associação formada por pesquisadores, indústria farmacêutica, associações de pacientes e outros interessados na área, que querem agilizar as análises para aceitação de pesquisas clínicas internacionais pelo governo brasileiro.

Governo conclui relatório sobre pesquisa clínica sem anuência de pesquisadores
Notícias ao Minuto Brasil

22:21 - 28/07/14 por Agência Brasil

Política Término

Segundo a Aliança, os integrantes do grupo de trabalho já haviam acertado que teria uma terceira reunião, porém, antes disso, o Ministério da Saúde enviou o relatório conclusivo para análise do Senado, no começo de julho. De acordo com Vitor Harada, presidente do Comitê Gestor da Aliança, tem pontos sobre os quais a pasta diz que houve consenso mas, segundo ele, não houve.

Entre as reclamações colocadas por Harada está a determinação de que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão que faz parte do processo de aprovação das pesquisas, aumentará o número de funcionários, mas sem dar prazo para para a ação.

A Aliança também busca o cumprimento imediato, pela Anvisa, da Resolução 036/2013, que agiliza a aprovação de projetos já em andamento nos Estados Unidos e em países da Europa. Segundo Harada, apesar de a norma estar em vigor, ela não está sendo seguida.

De acordo com Harada, a Aliança vai agora lutar por um marco regulatório no setor, para que haja mais agilidade, e que as normas sejam determinadas por lei, o que dá mais segurança da permanência delas. “Essa é uma solução a longo prazo, pois sabemos que a aprovação de um marco legal demora pelo menos um ou dois anos. Vamos continuar nos mobilizando para conseguir agilizar, em curto prazo, o processo com a regulamentação do Ministério da Saúde”.

A pesquisa clínica é a fase do desenvolvimento de medicamentos em que o pesquisador precisa testar o novo produto em voluntários. O problema colocado pela Aliança é que o Brasil ainda demora um ano ou mais para aprovar um projeto de pesquisa clínica, podendo chegar até 15 meses, em alguns casos. O prazo médio do resto do mundo varia de três a seis meses.

Laboratórios e universidades de todo o mundo buscam, ao mesmo tempo, diversos países para executarem suas pesquisas com a ajuda de voluntários, e junto delas também vão investimentos nas entidades que as recebem, inclusive universidades. Para isso são elaborados protocolos que explicam, entre outras coisas, no que consiste a pesquisa, a que tipo de procedimento o paciente será submetido, os possíveis sintomas. Esses protocolos são avaliados pelos países que autorizam, ou não, a pesquisa.

O empresário gaúcho Heitor Schimitt, de 69 anos, participou de estudo para o lançamento de novo medicamento na área de câncer, e 12 anos depois de operado de câncer no rim, o empresário teve a notícia de que a doença tinha se instalado nos pulmões. “Fui logo encaminhado pelo oncologista para a pesquisa. Pelo contrato inicial eu passaria três anos usando o medicamento, mas como me dei muito bem com ele, continuei usando mesmo depois do fim do prazo”, contou Schimitt.

O estudo pelo qual ele passou se deu em 120 países, com 390 pacientes com câncer, e concluída a pesquisa, o medicamento foi disponibilizado ao mercado.

Para o empresário, participar do estudo beneficiou sua melhora. “Eu não teria dinheiro para pagar o tratamento, e me dei bem com o remédio. Além disso, os pesquisadores nos examinam do dedinho do pé ao último fio de cabelo e acompanham tudo. Hoje tenho alguns nódulos nos pulmões que podem originar câncer, mas estou bem e continuo trabalhando”, contou.

Procurado pela Agência Brasil o Ministério da Saúde não se pronunciou sobre o assunto até a edição da matéria.

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