FHC: Bolsonaro encerra um ciclo do país, mas não sei se criará outro
Outro item mencionado foi a proliferação de partidos, com mais de 20 deles com representação no Congresso, que, para ele, foram desmoralizados pelas revelações da Operação Lava Jato
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Política Opinião
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta segunda-feira (17) que a eleição de Jair Bolsonaro encerra um ciclo da política do Brasil iniciado na Constituição de 1988, mas considera incertos os próximos passos do país com a posse do novo governo.
"Minha expectativa é que o governo, que não existe ainda, vai terminar um ciclo, vai matar um ciclo. Bom, esse ciclo já estava morrendo. Mas não sei se vai ser capaz de criar outro. Eu tenho uma interrogação. Não estou dizendo que não vai ser capaz. Estou dizendo que eu não sei se vai ser capaz de criar outro, imaginar formas políticas", disse o tucano.
Como símbolos do ciclo que se encerra, disse Fernando Henrique, está a ideia de que o Estado "vai resolver problemas". Outro item mencionado foi a proliferação de partidos, com mais de 20 deles com representação no Congresso, que, para ele, foram desmoralizados pelas revelações da Operação Lava Jato.
FHC lembrou que atuou na Constituinte, como líder do PMDB no Senado, e disse que o valor básico da época era a democracia. "Não pusemos regras na formação de partidos."
Ele deu as declarações durante palestra em São Paulo, em evento de lançamento do livro "Legado para a Juventude Brasileira", elaborado por ele e pela pesquisadora Daniela de Rogatis a partir de debates com grupos de jovens.
Apesar de críticas a ideias defendidas por Bolsonaro, como o projeto Escola Sem Partido, Fernando Henrique disse no evento que não há como julgar um governo que ainda não começou apenas com base nas intenções do eleito.
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Afirmou também que não votou na eleição presidencial nem em Bolsonaro nem no PT e defendeu a retomada do crescimento da economia como questão essencial para o sucesso do futuro governo.
Sem se referir a Bolsonaro, disse em sua apresentação que, em regimes abertos, não se pode "só mandar". "Tem que convencer. A liderança hoje depende da capacidade que têm os líderes não de mandar."
O tucano também disse ver um "germe da inquietação" em diversas partes do mundo, citando, como exemplo a mobilização dos coletes amarelos na França. "É um momento novo no mundo, não é só aqui, não. Onde é que não tem crise? Onde tem ditadura, onde não tem liberdade." Com informações da Folhapress.
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