Ex-governador do ES, Gerson Camata é morto a tiros em Vitória
Político aposentado, ele ainda exerceu três mandatos como senador, de 1987 até 2011, foi vereador, deputado estadual e deputado federal
© Marcos Brandão/Senado Federal
Política Crime
O ex-governador do Espírito Santo, Gerson Camata, 77, foi morto na tarde desta quarta-feira (26) no bairro da Praia do Canto, em Vitória. Ele recebeu um tiro no pescoço, não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
O autor dos disparos, Marcos Venicio Moreira Andrade, 66, foi preso no local do incidente por policiais militares que estavam de folga. Em depoimento à polícia, ele confessou o crime.
Andrade foi assessor de Camata durante mais de 20 anos e era alvo de uma ação judicial movida pelo ex-governador. Por causa desta ação, Andrade teve R$ 60 mil bloqueados em uma de suas contas bancárias.
Em depoimento, ele afirmou que foi tirar satisfações do ex-governador ao encontrá-lo em uma rua na Praia do Canto, bairro onde o agressor mora. Após uma discussão verbal, o ex-assessor sacou uma arma e disparou contra o ex-governador.
A arma era registrada em nome de Marcos Venício, mas estava com o registro vencido e em situação irregular. Andrade está sendo ouvido pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa.
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Em entrevista à imprensa, o secretário da segurança pública do Espírito Santo, Nylton Rodrigues, afirmou que Marcos Venício demonstrou ressentimento em relação ao ex-governador.
"Não acreditamos que tenha algo que não sido tenha sido premeditado. Até pela tranquilidade e pela calma com que Marcos Venicio confessou o crime", afirma.
Andrade é economista e chegou a ser diretor-presidente da Banestes Seguros, órgão ligado ao governo do Espírito Santo, em 2005, durante a primeira gestão do atual governador Paulo Hartung (sem partido).
Em 2009, após romper com o padrinho político, Andrade acusou Camata de receber propinas de empreiteiras, ter fraudado prestações de contas eleitorais e de obrigar funcionários a pagar despesas pessoais dele com seus salários do Senado. As acusações foram feitas em entrevista ao jornal O Globo. Na época, Camata negou as acusações.
Em nota, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, lamentou a morte de Camata, classificando o crime como bárbaro e decretou luto oficial de sete dias no estado.
"Gerson foi o primeiro governador eleito no nosso Estado no período de redemocratização do país. Fez um governo realizador e que entrou para a história dos capixabas. O Espírito Santo perde uma de suas principais lideranças", afirmou.
Gerson Camata foi governador do Espírito Santo entre 1983 e 1986 pelo PMDB. Também exerceu três mandatos consecutivos no Senado, entre 1987 e 2011.
Formado em economia, Camata ganhou projeção como jornalista. Foi como apresentador da rádio Cidade de Vitória, onde comandava o programa Ronda da Cidade.
Começou a carreira política em 1967 como vereador em Vitória. Em 1971, assumiu uma cadeira de deputado estadual. Entre 1975 e 1983 foi deputado federal.
Na sua gestão frente ao governo do Espírito Santo ficou marcada pela construção de rodovias em cidades do interior do estado, o que lhe rendeu a alcunha de "governador das estradas".
Camata era casado com a ex-deputada federal Rita Camata, que em 2002 foi candidata a vice-presidente na chapa de José Serra (PSDB).
Desde 2011, não disputava cargos eletivos. Com informações da Folhapress.