Em carta, Dilma rebate crítica de ministro de Bolsonaro
No texto, Dilma afirma que houve "várias situações de manifesta ineficácia do GSI e do sistema de inteligência a ele articulado" no seu mandato e chega a citar a facada no então candidato a presidência Jair Bolsonaro.
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Política GSI
A ex-presidente Dilma Rousseff divulgou neste domingo (6) uma carta aberta em que contesta a afirmação feita pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, que o sistema de inteligência do governo foi 'derretido' na gestão da petista.
No texto, Dilma afirma que houve "várias situações de manifesta ineficácia do GSI e do sistema de inteligência a ele articulado" no seu mandato e chega a citar a facada no então candidato a presidência Jair Bolsonaro, como a "falha mais recente" do órgão, já no governo de Michel Temer.
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O ministro Augusto Heleno, responável pela segurança do presidente Jair Bolsonaro e ações de inteligência e estratégia do governo, fez a crítica ao governo de Dilma na última quarta-feira(2), em um discurso ao assumir o cargo em uma cerimônia no Palácio do Planalto.
Durante sua fala Augusto Heleno chega a afirmar que o sistema de inteligência brasileiro só foi recuperado no governo Michel Temer durante a gestão de Sérgio Etchegoyen, antecessor dele no cargo.
Leia na íntegra o texto divulgado pela ex-presidente Dilma Rousseff.
A “inteligência” na qual não se deve acreditar
Ex-presidenta rebate declarações do senhor Heleno e aponta falhas do GSI na espionagem realizada pela NSA, no grampo feito no Planalto e no atentado na campanha presidencial
A “senhora Rousseff não acreditava na inteligência”. A declaração é do “senhor Heleno” ao assumir o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Tal afirmação vem sendo feita pelo “senhor Heleno” em todas entrevistas dadas à imprensa. Em vista disso, é inevitável tratar do assunto.
De fato, durante meu mandato, tive várias situações de manifesta ineficácia do GSI e do sistema de inteligência a ele articulado.
Houve falha, por exemplo, ao não detectar e impedir o grampo feito ilegalmente no meu gabinete, em março de 2016 – sem autorização do Supremo Tribunal Federal –, quando foi captado e divulgado meu diálogo com Luiz Inácio Lula da Silva, às vésperas dele ser nomeado para a Casa Civil.
O caso mais grave, entretanto, ocorreu em 2013, por ocasião da espionagem feita em meu gabinete, no avião presidencial e na Petrobras pela National Security Agency (NSA), a agência de inteligência dos EUA.
Os setores da inteligência brasileira não só desconheciam que a interferência vinha ocorrendo há tempo – só souberam após o caso Snowden – como sequer sabiam os meios necessários para bloqueá-la. Nem mesmo sabiam o que havia sido captado pela NSA nos referidos grampos.
Uma “inteligência” ligada à Presidência da República que não tem conhecimento, capacidade e tecnologia para enfrentar a moderna espionagem cibernética não é crível.
Na verdade, a própria defesa da soberania do país exige que nela não se acredite para que se possa tomar todas as medidas necessárias para torná-la efetiva e contemporânea. Negar tal fato só atrasa o processo.
Aliás, a falha mais recente ocorreu no governo Temer, o que evidencia que tudo continua igual no setor de inteligência. Durante a campanha, quando o atual presidente, então candidato, foi alvo de atentado em Juiz de Fora, a “inteligência” já supostamente reconstruída, desconhecia a ameaça e, portanto, não pode impedi-la.
Tais exemplos mostram que a inteligência do governo ainda não é credível.
Dilma Rousseff