'Amigo particular' de Bolsonaro é indicado a gerente na Petrobras
Carlos Victor Guerra Nagem ficará responsável pela Inteligência e Segurança Corporativa da estatal
© Marcos Corrêa/PR
Política Equipe
Apontado pelo presidente Jair Bolsonaro como "amigo particular" em uma de suas campanhas políticas, Carlos Victor Guerra Nagem foi indicado pela direção da Petrobras para a gerência executiva de Inteligência e Segurança Corporativa da estatal.
A empresa defende a indicação dizendo que Nagem é empregado da companhia há cerca de 11 anos e tem o currículo adequado para a vaga. Atualmente lotado em Curitiba, o novo gerente nunca havia ocupado cargo comissionado na estatal.
A informação foi revelada pelo site O Antagonista. A gerência executiva, para a qual Nagem foi indicado, é o segundo cargo mais alto na hierarquia da Petrobras, abaixo apenas da diretoria executiva, com salário em torno de R$ 50 mil -a estatal não divulga os vencimentos de seus empregados.
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Nagem já se candidatou a cargos públicos pelo PSC duas vezes sob a alcunha Capitão Victor, em referência a seu histórico na Escola Naval, mas não conseguiu votos suficientes para se eleger em nenhuma das duas ocasiões.
Em 2002, disputou vaga de deputado federal pelo Paraná e em 2016, a vereador da capital paranaense. Nessa campanha, contou com o apoio do atual presidente da República, que aparece em vídeo pedindo votos para aquele que chama de "amigo particular".
"É um homem, um cidadão que conheço há quase 30 anos. Um homem de respeito, que vai estar à disposição de vocês na Câmara lutando pelos valores familiares. E quem sabe no futuro, tendo mais uma opção para nos acompanhar até Brasília", diz Bolsonaro no vídeo.
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, negou em entrevista à reportagem que a indicação tenha motivação politica. Ele defendeu a experiência de Nagem na área, dizendo que o indicado trabalha há seis anos na área de segurança empresarial da Petrobras.
"Não recebi pedido ou indicação de ninguém", disse. "Escolhi a melhor pessoa que entrevistei." Sobre a ascensão na carreira de Nagem após a eleição de Bolsonaro, o executivo argumentou que "no passado, o que contava na Petrobras era político, não era critério técnico".
Argumento semelhante tem sido usado pelo vice-presidente Hamilton Mourão para justificar a nomeação de seu filho, Antônio Mourão, ao cargo de assessor especial do novo presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes.
A nomeação de Novaes gerou desconforto entre os demais empregados do banco e na própria base de apoio do governo Bolsonaro.
A gerência de Segurança e Inteligência Corporativa foi um dos primeiros alvos da nova gestão da Petrobras. Ainda no período de transição, a empresa demitiu a gerente anterior, Regina de Luca, que é historicamente ligada ao PT e havia sido nomeada por Pedro Parente.
Em um processo de renovação da diretoria, Castello Branco substituiu também três executivos nomeados ainda no governo Dilma Rousseff, os últimos remanescentes da gestão petista na estatal -Solange Guedes, Hugo Repsold e Jorge Celestino. Com informações da Folhapress.