Após eleição no Senado, Lorenzoni busca aproximação com MDB
Ministro da Casa Civil também negou distanciamento de Rodrigo Maia, presidente da Câmara
© Wilson Dias/Agência Brasil
Política Articulação
Ministro-chefe da Casa Civil e patrocinador da candidatura vitoriosa de Davi Alcolumbre (DEM-AP) à presidência do Senado, Onyx Lorenzoni (DEM-RS) afirmou que, apesar da rixa com Renan Calheiros (MDB-AL), buscará diálogo com o MDB.
Provocado seguidamente pelo senador alagoano, que retirou a candidatura contra Davi na última hora, o ministro disse nesta segunda-feira (4) que não responderia.
"Ele [Renan] falou tudo o que tinha que falar, tentou me chamar para a briga, mas eu estou na paz, estou feliz e estou com Deus, e a resposta a gente deu na urna mesmo", afirmou Onyx, após a abertura do ano legislativo no Congresso.
O ministro, porém, defendeu a necessidade de manter o canal aberto com o MDB, detentor da maior bancada no Senado, com 13 cadeiras.
"O MDB é importante para o Brasil há muitas décadas, é evidente que vamos buscar o diálogo", disse. "É uma bancada grande e relevante para o país."
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Ele afirmou que o governo terá base para aprovar reformas constitucionais, prioritariamente a da Previdência.
"Tenho certeza de que o MDB na Câmara e no Senado sabe que tem uma missão, que é de todos nós, independentemente da nossa cor partidária ou política", declarou. "O Brasil precisa ser resgatado."
Davi foi eleito com 42 votos, sete a menos que o necessário para aprovações de emendas. Onyx contabilizou a favor do governo os de Esperidião Amin (PP-SC), que foram 13, e os de Ângelo Coronel (PSD-BA), outros 8.
"Se contarmos os votos de Davi e os de Esperidião Amin já chegamos em um número suficiente para transformar o Brasil.
Se somar os do Ângelo Coronel [sic], são mais que suficientes para alterar a Constituição."
Onyx negou que tenha relação distante com o presidente da Câmara reeleito na semana passada, Rodrigo Maia (DEM-RJ), contra quem ele trabalhou.
"Rodrigo Maia é meu amigo pessoal. Vou almoçar com ele amanhã", disse.
Onyx comparou Davi ao presidente Jair Bolsonaro -dois candidatos em quem ele apostou quando ainda eram majoritariamente desacreditados. "O Brasil que veio das ruas é muito diferente daquele que antecedeu a eleição do ano passado. O presidente Jair Bolsonaro entendeu isso e conseguiu com princípios e valores em cada cantinho do Brasil".
"Davi Alcolumbre é o Jair do Senado, ou seja, era improvável e acabou vencedor porque teve humildade, é um grande articulador, um grande construtor de relações e fez aquilo que só ele teve coragem de fazer", disse.
"Botou o peito na água no início de dezembro, foi a 19 estados, trabalhou incansavelmente 20 horas por dia e recebeu [apoio da maioria], quando sentou na cadeira na sexta-feira, apesar das agressões e virulência e violência", prosseguiu.
Citando indiretamente a forma com que Renan se referia a seu aliado no Senado, Onyx afirmou que "Davi derrubou o Golias", que queria "impedir que a voz das ruas chegasse ao Congresso Nacional".
Quando perguntado sobre as duas investigações que pesam contra Davi, o ministro desconversou.
"Gente, estamos falando da mensagem presidencial, de um novo momento que vive o Congresso Nacional. Cada um fala e escreve o que quer."
PREVIDÊNCIA
Onyx negou que o governo vá propor uma idade única para homens e mulheres em sua reforma previdenciária.
Disse que não há escala de prioridades entre projetos patrocinados pelo governo. Mas afirmou que o pacote anticrime apresentado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, "por ser projeto de lei tende a ter velocidade um pouquinho menor do que a proposta de emenda à Constituição da nova Previdência". Com informações da Folhapress.