'Disso eu não falo', diz general Heleno sobre 'laranjas' do PSL
O ex-juiz Sergio Moro, ministro da Justiça, afirmou, também sobre o colega de ministério, que o caso será apurado "se surgir a necessidade"
© Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Política Opinião
O general Augusto Heleno, ministro chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) do governo Bolsonaro, recusou-se nesta terça-feira (12) a falar sobre o caso dos candidatos laranjas do PSL. "Isso é outro problema, disso eu não falo. Bom dia", afirmou o ministro em São Paulo.
Reportagem do jornal Folha de S.Paulo deste domingo (10) revelou que o grupo do atual presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), recém-eleito segundo vice-presidente da Câmara dos Deputados, criou uma candidata laranja em Pernambuco que recebeu do partido R$ 400 mil de dinheiro público na eleição de 2018.
Maria de Lourdes Paixão, 68, que oficialmente concorreu a deputada federal e teve apenas 274 votos, foi a terceira maior beneficiada com verba do PSL em todo o país, mais do que o próprio presidente Jair Bolsonaro e a deputada Joice Hasselmann (SP), essa com 1,079 milhão de votos.
Veja também: Planalto finaliza decreto que abre caminho a documento único no país
O dinheiro do fundo partidário do PSL foi enviado pela direção nacional da sigla para a conta da candidata em 3 de outubro, quatro dias antes da eleição. Na época, o hoje ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, era presidente interino da legenda e coordenador da campanha de Jair Bolsonaro (PSL), com foco em discurso de ética e combate à corrupção.
Na semana passada, o jornal Folha de S.Paulo havia publicado que o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, patrocinou um esquema de candidaturas de fachada em Minas que também receberam recursos volumosos do fundo eleitoral do PSL nacional e que não tiveram nem 2.000 votos, juntas. Parte do gasto que elas declararam foram para empresas com ligação com o gabinete de Álvaro Antônio na Câmara.
Após essa revelação sobre o ministro do Turismo, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, afirmou que esse caso deveria ser investigado. Hospitalizado, o presidente Bolsonaro ainda não se pronunciou sobre o tema. Ele tem feito declarações por meio de redes sociais, mas não comentou o assunto até o momento.
O ex-juiz Sergio Moro, ministro da Justiça, afirmou, também sobre o colega de ministério, que o caso será apurado "se surgir a necessidade".
SÍNODO
Augusto Heleno, que representou o governo federal no velório do jornalista Ricardo Boechat, chamou de "completamente infundada" a informação de que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) iria monitorar membros da Igreja Católica.
Veja também: Fux suspende duas ações penais em que Bolsonaro é réu
O jornal O Estado de S. Paulo noticiou que o governo brasileiro monitora com preocupação a organização do Sínodo, em outubro, e que pediria ajuda à Itália para travar a exploração de temas da Igreja que considera ligados à esquerda.
"A preocupação com o sínodo é uma preocupação real porque o sínodo tem uma pauta que ele vai desenvolver e alguns assuntos dessa pauta são de interesse de segurança nacional. Então acaba preocupando, preocupando a Abin e o GSI. Mas em nenhum momento eu falei em espionar ninguém.""Quem cuida da Amazônia brasileira é o Brasil. Não tem que ter palpite de ONG estrangeira, não tem que ter palpite de chefe de estado estrangeiro. Quem cuida da Amazônia brasileira é o Brasil."
"[O sínodo] Quer falar de terra indígena de terra indígena, quer falar de exploração, de plantação, quer falar de distribuição de terra. Isso são assuntos do Brasil. O Brasil não dá palpite no deserto do Saara, na floresta das Ardenas, no Alasca. Cada país cuida da sua soberania. Eu estou preocupado que o sínodo não entre em assuntos que são afetos à Amazônia brasileira."
"A gente fica engolindo umas coisas que não tem que engolir. Às vezes a gente esquece que é a nona economia do mundo, que é um país soberano, independente. Isso a gente precisa deixar claro. Nessas horas a gente precisa deixar claro." Com informações da Folhapress.
Veja também: Decreto de Mourão viola Constituição, diz órgão