Frota articula com partidos campanha para queda de líder do governo
Deputado novato, do PSL, diz que é preciso um 'faixa preta' nessa função no Congresso
© Marcelo Camargo/Agência Brasil
Política Insatisfação
CAMILA MATTOSO E THAIS BILENKY - BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O deputado federal Alexandre Frota (PSL-SP) procurou lideranças e enviou mensagens para parlamentares de partidos do centrão nos últimos dias pedindo apoio para derrubar o líder do governo, Major Vitor Hugo (PSL-GO), a quem chamou de "faixa branca".
Em conversas privadas, o novato na Câmara disse que a permanência do seu colega de legenda na função se tornou inviável.
À reportagem Frota afirmou que "a Câmara não aceitou" Vitor Hugo como líder do governo.
"Ele é um líder faixa branca. Tem de ser faixa preta", disse. "Não pode andar aqui dentro com todos os líderes virando as costas para ele."
A faixa branca é usada por iniciantes em artes marciais, enquanto a preta pertence aos mestres. Frota quer levar ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) um pedido de mudança imediata, segundo tem dito.
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O convencimento não deve ser fácil. Antes consultor legislativo quando Bolsonaro era deputado, Vitor Hugo é da estreita confiança do presidente e frequenta assiduamente o Palácio do Planalto.
Para Frota, o atual líder do governo "tem se mostrado muito pouco diplomático" e não conseguiu construir pontes. "Líder tem de chegar e liderar. Falar com a esquerda, a direita e o centro sem medo."
Em conversas na Câmara, Frota costuma dizer que tem bom trânsito com parlamentares de esquerda, como Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Alexandre Padilha (PT-SP), e que, apesar do gosto pelo diálogo, não foge do enfrentamento.
O líder do governo virou alvo de parlamentares principalmente por causa da falta de articulação política para a aprovação da reforma da Previdência.
Ele se envolveu em uma polêmica no mês passado, quando enviou mensagens em um grupo de WhatsApp do PSL criticando a velha política, em meio à crise entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente da República.
Antes, ele já havia irritado colegas ao dividir aqueles que dariam "apoio consistente" e outros de "apoio condicionado" ao governo.
No dia a dia da Câmara, em diversas ocasiões, foi atropelado pelo próprio partido, tendo orientações desrespeitadas.
Segundo parlamentares ouvidos pela Folha, Frota pediu ajuda para uma espécie de abaixo-assinado contra Vitor Hugo, que já contaria com apoiadores.
Integrante do partido de Bolsonaro, ele procurou o grupo de dirigentes ligados a Maia, que estão em conflito com o presidente justamente por conta de seu discurso contra a "velha política".
O deputado disse que não recolhe assinaturas, mas foi a público pedir a substituição de Vitor Hugo.
Nas redes sociais, o deputado tem compartilhado notícias com críticas a Vitor Hugo. Republicou, por exemplo, a entrevista à Folha em que o líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL), diz que o major é ignorado, e uma nota do jornal O Globo que o chama de invisível.