Bolsonaro apela a argentinos para não votar em Cristina Kirchner
Bolsonaro afirmou que o retorno de Cristina, hoje senadora, pode fazer com que a Argentina viva uma situação semelhante à da Venezuela
© Marcos Brindicci / Reuters
Política Oposição
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro envolveu-se nesta quinta-feira (2) na sucessão eleitoral da Argentina e apelou aos eleitores do país vizinho que não reconduzam a ex-mandatária de esquerda Cristina Kirchner (2001-2015).
Em live nas redes sociais, ele começou dizendo que ninguém "vai se envolver em questões de fora do país", mas afirmou esperar que os eleitores argentinos se conscientizem que o retorno de Cristina, hoje senadora, pode fazer com que a Argentina viva uma situação semelhante à da Venezuela.
O presidente Mauricio Macri tem uma postura alinhada à de Bolsonaro, mas seu governo tem enfrentado uma crise econômica e seu desempenho em sondagem recente foi inferior ao da senadora em um eventual segundo turno.
A eleição presidencial está marcada para 27 de outubro.
"Ninguém aqui vai se envolver em questões de fora do país, mas eu, como cidadão, tenho uma preocupação de que volte o governo anterior do Maurício Macri. A presidente anterior era ligada a Dilma [Rousseff], a [Luiz Inácio] Lula [da Silva], à Venezuela e à Cuba. Se isso voltar, com toda a certeza, a Argentina vai entrar em uma situação semelhante à da Venezuela", disse.
Bolsonaro afirmou ainda que se o governo atual não tem tido um desempenho satisfatório, é necessário ter paciência, uma vez que, na opinião dele, Macri ainda pode melhorá-lo.
Em sua fala, o presidente pediu até mesmo a Deus para que Cristina não volte ao comando da Casa Rosada.
"Eu espero que nossos irmãos argentinos se conscientizem. Se o Macri não está indo bem, paciência. Vai lutar para melhorar ou [elege] alguém da linha dele. O que não pode é voltar Cristina Kirchner que, no meu entender, os reflexos serão para o povo argentino e para todos nós", disse.
A ex-presidente deve se sentar pela primeira vez no banco dos réus no dia 21 de maio, em julgamento que envolve a acusação de desvio e lavagem de dinheiro público por meio dos hotéis que pertencem à família Kirchner na Patagônia.
Mesmo investigada, ela pretende concorrer ao cargo.
O anúncio oficial deve acontecer no próximo dia 20, no estádio do time de futebol Racing –um dos mais tradicionais de Buenos Aires. Cristina pode responder ao processo, mas, se a Justiça determinar sua prisão, precisa pedir ao Congresso que retire seu foro privilegiado.
A situação econômica do país tem piorado, com aumento da inflação –que chegou a seu recorde desde 1991, com 4,7%, em março– e da pobreza, que já atinge 32% da população. Esse quadro vem debilitando as chances de reeleição de Macri.
Na transmissão desta quinta-feira (2), o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, comentou sobre o cenário conturbado na Venezuela. Segundo ele, "não é fácil" depor o ditador Nicolás Maduro, que foi "eleito sem legitimidade".
Para o ministro, a cúpula das Forças Armadas não apoia o líder oposicionista Juan Guaidó porque foi aliciada e comprada com cargos no governo atual, que lhe dá salário alto e influência econômica. Ele disse, contudo, esperar que eles mudem de posição.
"As pressões internacionais podem, pouco a pouco, mostrar ao pessoal da população civil que ainda não compreendeu a gravidade do problema, e principalmente mostrar aos militares de alta patente que eles precisam ter o patriotismo e se voltarem para trazer a Venezuela de novo para o caminho da liberdade e da democracia", concluiu.