Equipamento inédito para detectar matéria negra é inaugurado hoje na Itália
A matéria escura é um dos ingredientes principais do universo
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Tech Cosmos
A colaboração internacional XENON inaugura nesta quarta-feira (11), na Itália, o XENON1T, equipamento com uma "sensibilidade sem precedentes" para detectar matéria escura. É um fato científico a existência de cinco vezes mais matéria no universo do que a que é conhecida, mas "esta parcela dominante", denominada matéria escura ou matéria negra, continua a ser um mistério, afirmam os investigadores, que acreditam que este novo instrumento, "o mais sensível alguma vez produzido pela humanidade para este fim", será fundamental para a sua detecção.
A matéria escura "é um dos ingredientes principais do universo. Cerca de cem mil destas partículas passam a cada segundo pela cabeça de um dos nossos dedos, mas, apesar da sua abundância, ainda não foram observadas por qualquer das dezenas de experiências que se têm feito por todo o mundo nas últimas décadas", disse à agência Lusa José Matias, coordenador da equipe portuguesa de investigadores envolvida no projeto.
"Isto significa que são necessários instrumentos com maior sensibilidade para registar este tipo de matéria" e foi isso que foi criado por esta colaboração internacional, que envolve 20 grupos de investigação de nove países.
O XENON1T utiliza o "gás raro xenônio como material para detecção da matéria escura, resfriado a -95°C para se tornar líquido, num total de 3,5 toneladas". E para "se poder identificar os raríssimos sinais esperados, os cientistas da colaboração criaram o ambiente com a menor radioatividade que já alguma vez existiu no planeta Terra", sublinha José Matias.
"Este feito conseguiu-se pela seleção criteriosa de todos os materiais (até os menores parafusos) que compõe o XENON1T", acrescenta.
Quando estiver funcionando a 100% da sua capacidade, o XENON1T será o instrumento mais sensível para a detecção de matéria escura, estando previsto que isso aconteça no início do próximo ano e, simultaneamente, que o aparelho atinja os objetivos traçados no prazo de dois anos.
É mesmo possível que a matéria escura venha a ser descoberta nos próximos dois anos, admite José Matias. Mas se isso não vier a acontecer neste espaço de tempo e se forem encontrados "apenas indícios", a colaboração XENON estará numa posição excelente para avançar para a fase seguinte do projeto (XENONnT).
O instrumento proposto para 2018 terá um alvo duas vezes maior e utilizará as infraestruturas que hoje são inauguradas e que têm potencialidade para aumentar dez vezes a sensibilidade à detecção de matéria escura.