Fenômeno aproxima cientistas de resolução de 'mistério cósmico'
Desde a sua descoberta em 2007, os astrônomos têm tentado compreender o que provoca as explosões radioelétricas rápidas que envolvem impulsos de radiação eletromagnética de radiofrequência.
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Poderosas explosões de ondas de rádio provenientes de uma galáxia anã distante, que foram detectadas com recurso de um telescópio na China, estão aproximando os cientistas da resolução de um 'mistério cósmico' que dura já há vários anos, noticia a Reuters.
Desde a sua descoberta em 2007, os astrônomos têm tentado compreender o que provoca as explosões radioelétricas rápidas que envolvem impulsos de radiação eletromagnética de radiofrequência provenientes de locais dentro da nossa Via Láctea, bem como de outras galáxias. Isto sabendo já que as ondas de rádio têm os comprimentos de onda mais longos de todo o espectro eletromagnético.
Os astrônomos suspeitam que estas explosões podem ser desencadeadas por certos objetos extremos - os quais podem ser uma estrela de neutrões ou até um buraco negro capaz de 'absorver' uma estrela vizinha, entre outras possibilidades.
Na quarta-feira, pesquisadores citados pela Reuters dizem ter detectado uma explosão rápida de ondas de rádio, também designada 'FRB', originária de uma galáxia anã localizada a quase três mil milhões de anos-luz da Terra.
A 'FRB' foi descoberta pela primeira vez em 2019, através do telescópio FAST localizado na província chinesa de Guizhou, o maior radiotelescópio da sua tipologia a nível mundial e que possui uma área de receção de sinal igual a 30 campos de futebol. O fenômeno viria depois a ser estudado mais aprofundadamente utilizando o radiotelescópio VLA, no Novo México.
"Ainda chamamos às explosões rápidas de ondas de rádio um mistério cósmico e com razão", apontou o astrofísico Di Li, da Academia Chinesa de Ciências de Pequim, que é o investigador-chefe e e coautor da pesquisa publicada na revista Nature.
"As explosões rápidas de ondas de rádio são flashes intensos e breves de luz de rádio suficientemente poderosos para serem vistos de todo o universo", acrescentou o astrónomo da Caltech e coautor do estudo Casey Law. "A explosão pisca em cerca de um milissegundo, muito mais rápido do que um piscar de olhos", acrescentou ainda.
Di Li apontou ainda que inúmeras hipóteses foram oferecidas para tentar explicar estas explosões. "A abundância de modelos reflete a nossa falta de compreensão das FRB. O nosso trabalho favorece a perspectiva de que os repetidores ativos nasçam de um evento extremamente explosivo, tal como uma supernova. Estes repetidores ativos são também jovens, pois têm de ser vistos pouco tempo após o evento do nascimento", explicou o cientista.
Os astrônomos suspeitam que estas FRB sejam "recém-nascidas", ainda envoltas em material denso soprado para o espaço por uma explosão de uma supernova que deixou para trás uma estrela de neutrons. E destacaram ainda que a repetição de explosões pode ser uma característica das FRB mais jovens, prevendo-se que talvez se dissipe com o tempo.
"As FRB apareceram rapidamente para se tornarem um exemplo maravilhoso de um puzzle astrofísico, tal como as explosões de raios-gama foram há algumas décadas atrás", disse Law. "Sabemos cada vez mais sobre o fenômeno, onde vivem as fontes, com que frequência rebentam, etc. No entanto, continuamos a perseguir essa 'medida dourada' que nos dará uma resposta definitiva sobre o que as causa", acrescentou o investigador.
Descobertas desta natureza podem, de acordo com a Reuters, ajudar os cientistas a determinarem a causa destas explosões de ondas de rádio.