Baixa velocidade dificulta uso da internet em escolas
Apesar das dificuldades, a internet é usada de outras formas e em outros ambientes escolares
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Tech Atrasos
A baixa velocidade de conexão e a falta de capacitação dos professores são entraves mostrados pela pesquisa TIC Educação, que trata do uso da internet como ferramenta pedagógica. Segundo o estudo divulgado hoje (29), apenas 39% dos docentes de escolas públicas e privadas tiveram alguma disciplina ou discussão durante a graduação sobre o uso da rede nas aulas. O índice chega a 54% entre os professores com até 30 anos e fica em 25% no grupo daqueles com mais de 46 anos.
“Não podemos exigir desse professor uma prática que ele não conhece”, ressaltou o gerente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), Alexandre Barbosa, ao lembrar que navegar pela internet no dia a dia é diferente de usá-la para fins pedagógicos. “Isso é muito crítico. E provavelmente aí está uma das fontes que nós temos para apropriação dessa tecnologia para uso pedagógico nas escolas brasileiras”, acrescentou.
O acesso à internet está disponível nas salas de aula de 43% das escolas públicas urbanas e em 72% das classes de estabelecimentos particulares. No entanto, o ambiente virtual só é utilizado na própria sala de aula por 50% dos professores da rede particular e somente por 23% dos docentes da rede pública.
Apesar das dificuldades, a internet é usada de outras formas e em outros ambientes escolares. A maioria dos docentes (73%) trabalha com o ambiente virtual em suas aulas de alguma maneira, com aproveitamentos diversos: aulas expositivas (52%), trabalhos sobre temas específicos (59%) e solução de dúvidas individuais (45%).
Há ainda o uso em laboratórios de informática, prática de 35% dos professores das redes municipais e estaduais de ensino e de 29% dos que trabalham em estabelecimentos particulares. O uso é, no entanto, menor do que o percentual de ambientes equipados com acesso à internet. Entre as escolas públicas, 76% declararam ter laboratórios com a rede disponível, índice que fica em 55% nos colégios particulares. Para o coordenador de projetos e pesquisas do Cetic, Fabio Senne, os números refletem as políticas de inclusão digital nas escolas adotadas nos últimos anos, que priorizaram a instalação de pontos de acesso e equipamentos. “A ideia de enviar computadores e prover conexão está na base das políticas que tem mais de 15 anos de existência”, enfatizou.
Velocidade
Outra dificuldade apontada pela pesquisa que dificulta o uso da internet nas escolas é a baixa velocidade de conexão. Segundo o estudo, 37% das escolas têm conexões de até 2 megabits por segundo. “O que não é razoável para dividir com uma escola de 300 alunos”, avaliou Alexandre Barbosa.
As conexões fracas também impactam, de acordo com Barbosa, nos números de uso da internet na escola. Por isso, alguns colégios adotam, segundo ele, restrições ao uso da rede no ambiente escolar. “Tem uma questão de limitação técnica que é a capacidade da banda. Se todos os alunos se conectarem ao wifi e começarem a fazer download ou streaming [transmissão ao vivo], essa infraestrutura não é robusta o suficiente para permitir esse tipo de acesso. Mas é um sinalizador de que nós temos um problema que é a restrição do uso dessas tecnologias”, destacou.
A pesquisa aponta que 94% das escolas privadas e 84% das públicas têm redes sem fio. Entretanto, em apenas 16% das particulares o acesso é livre para todos, percentual que fica em 6% nos estabelecimentos estaduais e municipais. Em 19% das escolas privadas, os alunos podem acessar a rede sem fio com uma senha. Nas escolas públicas, esse percentual é de 16%. Em 58% das escolas particulares e em 62% das públicas a internet wifi não está aberta para os estudantes.
A pesquisa foi realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) e do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Foram entrevistados 898 diretores de escola, 861 mil coordenadores pedagógicos, 1,63 mil professores e 9,21 mil alunos entre setembro e dezembro de 2015. O estudo envolveu 898 escolas urbanas. Com informações da Agência Brasil.