Lua, o próximo alvo de cooperação internacional no espaço
Os planos de construir uma estação espacial na órbita lunar como trampolim para um voo a Marte e criação de uma base neste planeta estão muito bem combinados
© Nasa
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O jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung entrevistou o cosmonauta alemão Thomas Reiter sobre as implicações da participação oficial da Rússia na construção da base orbital lunar.
Reiter assegura que a decisão da Rússia de participar da criação de uma estação espacial na órbita lunar e o acordo firmado entre a Roscosmos [Agência Espacial Federal Russa] e a NASA não foi uma surpresa.
"Aparentemente, a Rússia e os EUA agora começaram a realizar o Deep Space Gateway [projeto da NASA e da Roscosmos de criação de uma base lunar]. De fato, os cinco parceiros da Estação Espacial Internacional (EUA, Rússia, Europa, Japão e Canadá), têm trabalhado especificamente neste conceito nos últimos três anos", indicou o cosmonauta.
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Independentemente disso, ao menos até os meados da próxima década, o nosso posto de observação em órbita terrestre baixa, a Estação Espacial Internacional (EEI), continuará funcionando.
O cosmonauta indicou que a Rússia ainda não apresentou suas próprias propostas quanto à estação lunar, contudo, a conclusão do acordo entre a Roscosmos e a NASA criaram uma base formal para o país dar uma contribuição concreta.
Para a Agência Espacial Europeia (ESA), a participação da Rússia na construção da estação lunar é de importância primordial, assegura Reiter.
"Para a ESA, esta será a primeira participação em voos espaciais humanos para além dos voos em baixa órbita terrestre em torno da Terra. Em segundo lugar, com nossa participação do Deep Space Gateway poderíamos compensar nossos custos do programa da EEI até 2021", explicou ele.
Quanto às obras da base lunar Deep Space Gateway, o cosmonauta explicou que os elementos individuais já estão sendo elaborados.
De acordo com os planos atuais, a construção da estação lunar se iniciará em 2022 junto com o segundo voo da espaçonave norte-americana Orion.
Nesse ano, os módulos separados serão, um a um, transportados para a órbita da Lua e montados lá, tal como aconteceu durante a construção da EEI, porém, com a diferença de que a distância a percorrer será mil vezes maior, quase 400.000 quilômetros em vez de 400.
"É obvio que [a distância] implica desafios muito especiais. Estamos felizes por agora a Rússia estar conosco no mesmo barco. A Rússia tem uma ampla experiência de construção de estações espaciais e voos espaciais longos", disse Reiter.
O cosmonauta explicou também que da Lua será mais fácil realizar um voo a Marte, pois não será necessário superar a gravidade da Terra.
Os planos de construir uma estação espacial na órbita lunar como trampolim para um voo a Marte e criação de uma base neste planeta estão muito bem combinados entre si, considera Reiter.
"A perspectiva de residência permanente em um 'assentamento lunar' […] despertou grande interesse por parte de nossos parceiros internacionais, incluindo a Rússia. Com o Deep Space Gateway seria possível tanto estabelecer a presença no satélite da Terra como realizar um voo a Marte", sublinhou ele.
Falando sobre os próximos passos, Reiter disse que espera que, para além das grandes agências espaciais, os políticos consigam um acordo para que haja entendimento entre a Europa, EUA, Rússia, e a China, já que historicamente, Washington se recusa a colaborar no quadro de temas espaciais. Com informações do Sputnik News.