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Instrumento que procura planetas como a Terra é usado pela 1ª vez

O ESPRESSO é capaz de identificar variações nessas velocidades de cerca de 0,3 quilômetros por hora, ou seja, a velocidade de uma tartaruga andando

Instrumento que procura planetas como a Terra é usado pela 1ª vez
Notícias ao Minuto Brasil

21:24 - 07/12/17 por Lusa

Tech Astrofísica

O instrumento ESPRESSO, concebido para procurar planetas parecidos com a Terra, capazes de suportar vida, realizou a primeira observação no final de novembro. Depois dessa primeira observação - designada em astronomia como "primeira luz" - o instrumento iniciou uma série de testes, ainda em curso, através dos quais tem demonstrado "resultados muito promissores, apesar de ainda haver alguns ajustes a fazer", disse à Lusa Nuno Cardoso Santos, investigador do IA e da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em Portugal.

A "primeira luz" do ESPRESSO, que está instalado num conjunto de quatro telescópios (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO), ocorreu na noite de 27 para 28 de novembro, perto da meia-noite, tendo os testes iniciado logo em seguida.

Esta fase de testes termina nesta quinta-feira (7), estando planejados mais quatro períodos, de aproximadamente dez dias cada um, em finais de janeiro, finais de fevereiro, e, provavelmente, em maio, avançou o pesquisador.

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Instrumento capaz de decompor a luz nas suas várias cores, ou comprimentos de onda, originando um espectro, considerado o "arco-íris da estrela", o espetrógrafo ESPRESSO tem por objetivo procurar e detectar planetas parecidos com a Terra, capazes de suportar vida, assim como testar a estabilidade das constantes fundamentais do Universo.

Para tal, utiliza o método das velocidades radiais, que detecta exoplanetas (planetas que estão fora do sistema solar), medindo pequenas variações na velocidade (radial) da estrela, causadas pelo movimento que a órbita desses planetas imprime na estrela.

Através deste método, o ESPRESSO é capaz de identificar variações nessas velocidades de cerca de 0,3 quilômetros por hora, ou seja, a velocidade de uma tartaruga andando.

"Começa agora uma nova fase, em que vamos testar em detalhe o instrumento e otimizá-lo, para que, em meados de 2018, seja possível começar a fase de exploração científica", afirmou Nuno Cardoso Santos.

Segundo o investigador, as mais de 270 noites que foram atribuídas à equipa para usar o ESPRESSO no VLT vão permitir liderar "um grande número de novas descobertas" nas áreas científicas em que o consórcio está mais envolvido, com um foco muito especial no estudo de outros planetas e da variabilidade das constantes fundamentais da física.

A equipe de pesquisadores portugueses, liderada pelo IA, é responsável pela construção de uma das componentes do instrumento ESPRESSO, a 'coudé train', composta por nove elementos ópticos, que levam a luz desde o telescópio até ao espectrógrafo, "com o mínimo de aberração ou de perdas", ao longo de um trajeto com cerca de 60 metros, acrescenta o comunicado.

Para Alexandre Cabral, pesquisador do IA e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em Portugal, este momento é o culminar de quase dez anos de planejamento, desenho, construção e teste de um instrumento, para o qual Portugal contribui com uma parte fundamental - o sistema ótico 'coudé train'.

O sistema óptico 'coudé train' vai permitir ao espectrógrafo observar com os quatro telescópios ao mesmo tempo, "algo nunca antes realizado", o que é equivalente a ter um telescópio óptico com uma abertura de 16 metros de diâmetro, ou seja, "o maior do mundo", salientou.

O ESPRESSO é o sucessor de um dos "mais bem-sucedidos instrumentos caçadores de planetas até hoje", o HARPS (um espectrógrafo de alta resolução), que detecta variações de velocidade a rondar os 3,5 quilômetros por hora (ou aproximadamente a velocidade de uma pessoa a caminhar), lê-se ainda na nota informativa.

O consórcio responsável pelo desenvolvimento e construção do ESPRESSO é constituído por instituições acadêmicas e científicas de Portugal, Itália, Suíça e Espanha, bem como membros do ESO.

Da equipe portuguesa fizeram ainda parte as universidades do Porto e de Lisboa e as empresas portuguesas Ernesto São Simão, Tecnogial, Zeugma, Tecnisata e HPS.

A participação nacional foi financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) de Portugal. Com informações da Agência Lusa.

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