Lojas e serviços investem em reconhecimento facial
Além de saber quantas pessoas entraram, qual seu sexo, idade e se compraram algo, também é possível que as câmeras identifiquem suas emoções
© Pixabay
Tech Identificação
O anonimato pode estar com os dias contados. Entrar em uma loja, hotel, escola, ônibus e estádio de futebol sem ser reconhecido será cada vez mais difícil conforme avança a tecnologia de reconhecimento facial.
Identificar pessoas a partir de imagens tem ficado cada vez mais fácil e barato conforme se aperfeiçoam os sistemas de inteligência artificial.
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Aprimorada a programação, deixam de ser necessárias câmeras de alta qualidade para o processamento das imagens. Uma foto tirada no celular pode ser o suficiente.
A precisão é tanta que o Facebook liberou, no fim do ano passado, recurso para que usuários possam localizar fotos suas publicadas por outras pessoas na rede, com bilhões de usuários.
Vicente Goetten, diretor-do TOTVS Labs (centro de pesquisa nos EUA da empresa de software brasileira), diz que a tecnologia está madura para sua implantação no mercado. "Alcançamos taxa de acerto de 99% e muitos noves nas casas decimais."
A partir de câmeras de segurança comuns, esse tipo de tecnologia pode permitir que lojas físicas tenham mais dados sobre quem as frequenta e ofereçam promoções e atendimento personalizados para seus clientes, diz Christian Rempel, consultor de varejo da empresa de tecnologia Logicalis, que vem implantando o serviço em projetos-piloto.
EMOÇÕES
Além de saber quantas pessoas entraram, qual seu sexo, idade e se compraram algo, também é possível que as câmeras identifiquem suas emoções. Assim, o empresário pode saber se o preço que está colocando desagrada a clientes ou entender o que eles pensam de um produto em degustação, diz.
A empresa pode ir mais longe e combinar os dados das imagens com cadastros dos clientes para chamá-los pelo nome assim que chegam. Para isso, basta criar um app ou programa de fidelidade em que o cliente tire uma foto.
Assim, quando ele entrar na loja, um vendedor com tablet na mão pode saber seu nome, o que comprou nas outras vezes e sugerir um produto que tem mais chances de lhe interessar, diz Rempel. No setor hospitalar, a Softline testa, em hospital que trata pacientes com câncer, um sistema baseado em câmeras que identifica pacientes na sua chegada para agilizar o atendimento.
Já a Totvs, além de também preparar projetos para hospitais e lojas, quer desenvolver serviços para escolas e hotéis.
Será possível, por exemplo, que pais recebam uma notificação em seus celulares quando câmeras da escola registrarem seus filhos entrando na sala, diz Goetten.
FRAUDES
O reconhecimento facial levou a SPTrans a cancelar 110 mil bilhetes eletrônicos de passageiros que tentavam entrar em ônibus com cartões de outras pessoas desde agosto de 2016, diz José Aécio de Souza, superintendente de atendimento e comercialização da empresa.
Ele afirma que, desde a data, as catracas dos ônibus são integradas a câmeras. Quando um passageiro que tem direito a desconto passa o cartão, o equipamento armazena quatro fotos dele.
No fim do dia, sistema compara as imagens tiradas com a foto do passageiro que está no banco de dados da SPTrans e, caso haja probabilidade alta de fraudes, funcionários são chamados para dar uma segunda opinião.
Confirmada a fraude, o bilhete é suspenso. As imagens são sempre descartadas ao fim do dia, afirma Souza. Segundo Danny Kabiljo, sócio da startup Full Face, essa aplicação da tecnologia para coibir fraudes pode dar segurança a transações feitas no meio digital. A empresa desenvolveu para a Gol o serviço de check-in em voos a partir de foto tirada a partir do celular. Com informações da Folhapress.