Cápsula idealizada por Elon Musk ganha réplica em São Paulo
Com óculos de realidade virtual, visitantes da Welcome Tomorrow Mobility Conference podem viajar no interior da cápsula
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A cápsula de transporte idealizada por Elon Musk, presidente-executivo da Tesla e da SpaceX, patenteada pela empresa americana Hyperloop TT, ganhou uma réplica de 12 metros de comprimento e 2,7 metros de diâmetro no Welcome Tomorrow Mobility Conference, evento que reúne startups, investidores e especialistas em mobilidade até quarta-feira (31) em São Paulo.
Com óculos de realidade virtual, visitantes podem viajar no interior da cápsula. A experiência dá apenas uma ideia visual do que será o futuro modal, que a empresa pretende implementar comercialmente em Abu Dhabi em 2021.
A Hyperloop, cofundada pelo empresário italiano Bibop Gresta, também investe no Brasil. Em abril deste ano, abriu um centro de pesquisa e desenvolvimento em Contagem (MG), onde quer criar uma alternativa para o transporte de cargas em cápsula.
O investimento na pesquisa e na operacionalização será dividido com a Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais), que destinará R$ 13,5 milhões para o programa em quatro anos, e com investidores privados. A empresa colocará R$ 13,5 milhões no centro, e diz que só aguarda o financiamento para iniciar a operação.
O sistema da Hyperloop tem como objetivo principal transportar passageiros em cápsulas. Elas funcionam dentro de um cubo de baixa pressão que é coberto por painéis solares, de onde tira parte de sua energia.
A cápsula ganha um impulso inicial de energia elétrica e se mantém em movimento com energia magnética. A velocidade pode chegar a 4 mil km/h, embora o limite permitido para a segurança e conforto dos passageiros seja de 1.221 km/h.
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Uma cápsula poderá abrigar de 28 a 40 pessoas. A primeira pista de testes está sendo construída em Toulouse, na França, onde percorrerá um trecho de 5 quilômetros.
"Em 10 anos, tudo será completamente diferente na mobilidade", disse Gresta em palestra na segunda-feira (29). "Precisamos de tecnologias que ainda não estão aqui."
CARRO AUTÔNOMO
Além da "cápsula de Musk", outro destaque do evento é carro 100% autônomo desenvolvido na UFES (Universidade Federal do Espírito Santo).
Com financiamento de R$ 1 milhão do governo federal desde 2009, o projeto acadêmico colocou o Brasil em posição de destaque no domínio da tecnologia, embora seu desenvolvimento industrial e comercial dependa de grandes montadoras dos Estados Unidos, Alemanha e Japão.
Em uma escala informal de 2016, que mediu a necessidade de intervenção humana a cada 1 mil milhas (1609.34 quilômetros), o projeto da UFES apareceu em oitavo lugar, atrás de nomes como Telsa, Nissan, Ford, BMW e Google, que hoje tem a tecnologia autônoma mais avançada do mundo.
"O desenvolvimento do Brasil está entre os melhores do mercado, mas as montadoras investem dinheiro onde têm mais engenheiros. A Volksvagen vai apostar onde sua marca tem 15 mil engenheiros, não 800", diz Alberto Ferreira de Souza, coordenador do projeto, que nasceu no Departamento de Informática da universidade.
Segundo ele, a tecnologia autônoma do Google tem necessidade de 0.01 intervenção humana a cada 1609 quilômetros; a capixaba precisa de 50 interferências na mesma escala.
O projeto iniciou há 10 anos e sua tecnologia já foi testada num trecho de cerca 70 quilômetros entre Vitória e Guarapari, praticamente sem intervenções (99,9%). O automóvel precisou detectar semáforos, placas, pedestres, além de reduzir ou aumentar a velocidade em rodovias ou estradas de terra.
O foco da equipe, que conta com 20 engenheiros e cientistas da computação, é "entender o cérebro humano", para que a tecnologia baseada em inteligência artificial possa lembrar do passado curto para tomar decisões e começar a interagir com o motorista. Assim, poderá avisar porque reduziu a velocidade ou precisou parar.
Souza diz que o programa poderá fechar uma parceria com a Vale para o desenvolvimento de um caminhão autônomo, que ficará restrito ao pátio da companhia, para uso interno.
"Estamos abertos a parcerias. No futuro, teremos que pagar royalties por uma tecnologia que está sendo bem desenvolvida aqui", afirma.
Os Estados Unidos e a Europa debatem a regulamentação de tecnologias autônomas. Aqui no Brasil, houve uma audiência pública para debater o tema na Câmara dos Deputados, e uma conferência do Inmetro para debater a segurança jurídica e tecnológica de veículos inteligentes está marcada para novembro.
O Welcome Tomorrow Mobility Conference está na sexta edição e a organização estima que 3 mil pessoas visitem o WTC Events Center, onde é realizado, durante três dias. Idealizado por Flávio Tavares, da GolSar e do Instituto PARAR, que atua na profissionalização do mercado de frotas, a conferência debate alternativas para o futuro da mobilidade e conecta investidores a empreendedores. Com informações da Folhapress.