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74% das avaliações de doenças oculares feitas por app são erradas

Ferramenta dispensa a interação do oftalmologista e estudo aponta que diagnóstico online é perigoso

74% das avaliações de doenças oculares feitas por app são erradas
Notícias ao Minuto Brasil

07:01 - 14/11/18 por Notícias Ao Minuto

Tech Avanços

Estudo divulgado em Chicago (EUA) durante o congresso 2018 da Academia Americana de Oftalmologia que aconteceu de 27 a 30 de outubro, revela erro em 74% das avaliações de doenças oculares realizadas pelo WebMD Symptom Checker, um popular app de diagnóstico online.

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“A telemedicina é, sem dúvida, o caminho para ampliar o acesso ‘a saúde ocular”, afirma o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier. Para ele o problema deste app é eliminar a interação do especialista com o paciente, ao contrário do Portable Eye Examination Kit que funciona como um consultório de bolso. “O resultado do estudo é um alerta para a população brasileira”, observa. Isso porque, um levantamento feito pelo médico em 12 mil prontuários do hospital mostra que 4 em cada 10 pessoas já chegam aos consultórios usando colírio por conta própria. “Além do colírio inadequado mascarar doenças, alguns medicamentos para alterações sistêmicas têm efeito sobre a saúde ocular”, salienta. Os grupos de maior risco, observa, são os idosos que fazem tratamentos para doenças crônicas, gestantes e mulheres que tomam contraceptivos. Mas a visão de crianças também pode sofrer alterações desencadeadas pelo uso de medicamentos,

Risco de hipermetropia em crianças

Este é o caso de 5% das crianças que tem de 6 a 14 anos e fazem tratamento com metilfenidato, substância ativa da Ritalina e Concerta, remédios utilizados no tratamento do TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade).

Segundo Queiroz Neto estes medicamentos são bem vistos pelos país porque melhoram o rendimento escolar ao aumentar a capacidade de concentração. O problema, adverte, é que dilatam a pupila e podem causar hipermetropia acomodativa, uma dificuldade temporária de enxergar de perto.

Foi o que aconteceu, com um menino em tratamento de TDAH que recentemente chegou ao consultório com as pupilas bastante dilatadas e dificuldade para enxergar de perto. Os sinais de hipermetropia acomodativa elencados pelo médico são:

· Passa a esticar os braços para ler.

· Busca as últimas carteiras na sala de aula para enxergar a lousa.

· Não tem gosto pela leitura

· Troca atividades internas pelas externas.

· Aperta os olhos para ler.

Caso o metilfenidato não possa ser interrompido é necessária a prescrição de óculos e a hipermetropia pode se tornar um mal permanente.

Mulheres, gestantes e idosos

Segundo o oftalmologista o uso colírio antibiótico com pílula anticoncepcional deve ser evitado porque o contraceptivo pode perder o efeito.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) alerta que 3% dos defeitos congênitos são causados pelo uso de medicamentos ou drogas durante a gravidez. Isso acontece porque a elevação dos hormônios sexuais na gestação altera o metabolismo dos medicamentos que se concentram na corrente sanguínea.

Queiroz Neto ressalta que até o aparentemente inofensivo colírio adstringente para branquear os olhos pode afetar o feto. Isso porque, contrai todos os vasos, inclusive da placenta. Resultado: diminui a troca de nutrientes e oxigênio com o feto.

Já os idosos que fazem tratamento para hipertensão devem estar atentos com o uso deste tipo de colírio porque pode elevar a pressão artéria, alerta. “A interação do betabloqueador para taquicardia com colírio adstringente também é conflitante porque o colírio pode reduzir o efeito do medicamento oral”, afirma.

Por isso, recomenda colírio lubrificante para gestantes, hipertensos e cardíacos ficarem com os olhos branquinhos. Caso a irritação não desapareça é necessário consultar um oftalmologista.

Glaucoma

Queiroz Neto destaca que os corticóides podem cortar o efeito de colírios para glaucoma e por isso só devem ser usados em conjunto sob supervisão médica. Gestantes que tem glaucoma precisam passar por reavaliação oftalmológica. Isso porque, explica, o uso de análogos de prostaglandina aumenta o risco de interrupção precoce da gravidez. Já os betabloqueadores podem afetar a frequência cardíaca do feto. A boa notícia é que a pressão intraocular geralmente baixa durante a gravidez, permitindo em muitos casos que o tratamento seja mantido com colírios mais brandos.

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