Perfis que usavam imagem da imprensa e políticos são excluídos
Usuários estimam que ao menos 28 contas tenham sido excluídas, mas número pode ser maior; contas satíricas eram similares a perfis oficiais e, segundo os usuários, relacionadas às ideias de direita
© REUTERS/Thomas White
Tech Twitter
A rede social Twitter desativou nesta quarta-feira, 9, ao menos 28 contas satíricas que faziam uso da imagem de veículos de imprensa, personalidades públicas, jornalistas, órgãos públicos, ministros e até do presidente Jair Bolsonaro. A ação, entretanto, não foi confirmada pela rede social.
Uma lista com os nomes dos perfis bloqueados começou a circular com as hashtags #sátiranãoéfake, #censuradasparódiasnotwitter e #censuradotwitter. O administrador de uma das contas, relacionada ao jornal O Estado de S.Paulo, afirmou que o perfil tinha 10 mil seguidores. A estimativa é de que o número de contas desativadas seja maior, já que usuários do Twitter que administravam perfis com menor dimensão também relataram o caso.
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Na maioria dos exemplos, os nomes utilizados para os perfis humorísticos eram similares às contas verdadeiras das pessoas ou dos veículos de imprensa, com pequenos trocadilhos. Muitas vezes, até a mesma foto e descrição é utilizada, com a observação de que se trata de um perfil de sátira.
Até o fim da noite desta quarta, a reportagem localizou diversas outras contas de perfil humorístico, algumas com grande número de seguidores, outras em menor proporção. Novas contas para substituir as bloqueadas também foram criadas, na tentativa de que os administradores recuperem os seguidores perdidos. Segundo as postagens, a prática de desativar contas tem ocorrido desde o mês passado.
O conteúdo divulgado nos perfis varia do compartilhamento de notícias verdadeiras a sátiras, além de críticas. Usuários relatam que quase todos tinham viés político de direita, e que o Twitter estaria censurando opiniões da vertente. O administrador da conta satírica excluída que se associava ao jornal O Estado de S.Paulo chegou a mencionar que o presidente Jair Bolsonaro passou a seguir a página pouco antes de ser desativada.
Em nota oficial, o Twitter afirmou que: "No intuito de proteger a experiência e a segurança das pessoas que utilizam a plataforma, o Twitter tem regras que estabelecem os conteúdos e comportamentos que permitimos. Quando tomamos conhecimento de potenciais violações a essas regras, como conduta de spam ou evasão de suspensão, fazemos uma análise e adotamos as medidas cabíveis de acordo com nossas regras e termos de serviço".
Na política de Regras do Twitter, o item relacionado a spam cita "interações e comportamentos automatizados de uma conta, bem como tentativas de iludir ou enganar as pessoas". A empresa tem ciência de possíveis contas spam através de denúncias, que qualquer usuário pode fazer. A partir disso, cada caso é analisado para decidir se trata-se ou não de um perfil spam.