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Pesquisa acha 1º câncer em mamífero não humano do período quartenário

O fóssil com o câncer no fêmur direito é de um exemplar de preguiça da espécie Nothrotherium maquinenses e foi descoberto na Lapa dos Peixes I, caverna localizada na Serra do Ramalho, na Bahia

Pesquisa acha 1º câncer em mamífero não humano do período quartenário
Notícias ao Minuto Brasil

18:17 - 02/11/20 por Notícias ao Minuto Brasil

Brasil Diagnóstico

Um estudo de pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) foi publicado no periódico Historical Biology e registra o primeiro câncer diagnosticado em um mamífero extinto não humano do período geológico Quaternário, conhecido popularmente como a era do gelo.

O fóssil com o câncer no fêmur direito é de um exemplar de preguiça da espécie Nothrotherium maquinenses e foi descoberto na Lapa dos Peixes I, caverna localizada na Serra do Ramalho, na Bahia.

O paleontólogo do Museu de Ciências da Terra do Serviço Geológico do Brasil, Rafael Costa da Silva, disse à Agência Brasil que o exemplar foi encontrado em 2014, durante

projeto desenvolvido pelo órgão para mapear e estudar cavernas na Bahia, tendo como meta entender a circulação da água e como a hidrologia funciona ali. No entanto, os pesquisadores acabaram achando mais de 500 fósseis na região.

“Esse exemplar estava quase inteiro e a gente percebeu que havia uma protuberância óssea no fêmur que não devia estar ali, porque a gente conhece a anatomia dos animais. Ainda na caverna, imaginei que aquilo podia ser uma patologia, até um tipo de tumor. Não é uma coisa muito comum”, disse.

Foram feitas tomografias do osso e lâminas microscópicas para se chegar a esse diagnóstico. “Realmente, o padrão de crescimento das células indica que é um tipo de câncer ósseo. E acontece que é o primeiro caso de um câncer ósseo descoberto em um mamífero no Brasil, em um animal dessa idade”, salientou o paleontólogo. “É o primeiro caso em fóssil no mundo”, emendou.

Acrescentou que, em espécies humanas (hominídeos), há casos de câncer descobertos e melhor estudados, “porque são humanos”, mas nunca antes em fóssil mamífero não humano.

O período Quaternário vai de 2 milhões ou 1,5 milhão de anos para cá, até 12 mil anos. Para um paleontólogo, é bem recente, disse Costa da Silva, que trabalha com material de 200 milhões a 300 milhões de anos. As peças estão na coleção de paleontologia do Museu de Ciências da Terra (MCTer), do Serviço Geológico do Brasil, no Rio de Janeiro.

No momento, o museu está fechado para obras. Porém, está nos planos para 2021 a realização de exposição virtual que leve até a sociedade imagens do fóssil e do acervo do equipamento. “Está nos nossos planos fazer algo nesse sentido”, disse. Em razão da pandemia do novo coronavírus, as exposições itinerantes foram suspensas. A expectativa é que o museu seja reaberto dentro de dois anos.

Os paleontólogos fizeram uma expedição este ano a cavernas da Colômbia e estão começando a estudar os resultados. A meta foi fazer avaliação das cavernas, ver o potencial de serem achados fósseis e estabelecer o que fazer quando isso ocorrer. Outras expedições deverão ser feitas no futuro, porque atualmente, devido à pandemia, não se está conseguindo fazer trabalho de campo, finalizou Costa da Silva.

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