Nutrólogo acusado de abuso sexual é preso em São Paulo
Entre os novos relatos, 18 vítimas concordaram em formalizar a denúncia.
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Justiça Abuso sexual
O nutrólogo Abib Maldaun Neto, de 56 anos, que é acusado de abuso sexual por uma série de pacientes, foi preso na manhã desta segunda-feira, 14, na zona sul de São Paulo. Condenado por violação sexual mediante fraude e réu em outro processo pelo mesmo crime, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) havia decretado a prisão preventiva do médico no dia 3 de dezembro.
Ao Estadão, investigadores relataram que Maldaun Neto havia feito um acordo para se apresentar à polícia nesta segunda-feira, 14, mas o veículo continuou sendo rastreado para evitar fuga. Nesta manhã, um radar do programa Detecta, o sistema de monitoramento de São Paulo, emitiu alerta após flagrar o carro no sentido contrário do combinado.
A Polícia Militar foi acionada e interceptou o procurado nas imediações da Avenida Washington Luis, já próximo ao Aeroporto de Congonhas. No veículo, também estavam sua esposa, uma advogada e um motorista, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
O nutrólogo foi conduzido à Divisão de Capturas da Polícia Civil de São Paulo, para prestar depoimento. Segundo autoridades, requisitou vaga especial no sistema penitenciário por ter curso superior.
Em julho, Maldaun Neto foi condenado, em 2ª instância, a cumprir a 2 anos e 8 meses de prisão no regime semi-aberto, por abusar de uma paciente. O crime sexual ocorreu em 2014, mas a defesa recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o médico respondia em liberdade.
Após reportagem do G1 sobre a decisão, outras 23 vítimas procuraram o Ministério Público de São Paulo (MPE-SP) para delatá-lo. Responsável pelo caso, a promotora Maria Fernanda de Castro Marques Maia ofereceu nova denúncia contra Maldaun Neto neste ano, que já foi aceita pela Justiça. Na ocasião, a defesa também impetrou um habeas corpus, mas o pedido foi negado liminarmente pelo TJ-SP.
Entre os novos relatos, 18 vítimas concordaram em formalizar a denúncia. Contudo, nove delas constam como testemunhas no processo, porque o crime já prescreveu para esses casos.
Segundo a promotora, Maldaun Neto teria agido da mesma forma com todas as vítimas. No consultório, ele as submetia a um exame que não existia para supostamente se aproveitar delas. "Por ser médico, ele conquistava a confiança da vítima e das famílias e usava isso no momento em que elas estavam desacompanhadas na consulta", diz Maria Fernanda.
"Ao sair do consultório, muitas iam procurar aquele exame em sites de busca ou consultavam um ginecologista", afirma Maria Fernanda. "A natureza do crime é o emprego de fraude. Esse tipo de crime cria uma confusão na cabeça da vítima e muitas só tiveram certeza que sofreram abuso quando saiu a primeira condenação."
Um dos casos relatados ao MPE-SP aconteceu neste ano, já depois da sentença em segunda instância, e deve levar à nova denúncia contra o nutrólogo. Segundo a acusação, a vítima teria sido abusada ao menos 15 vezes pelo médico.
Foi a promotoria quem solicitou a prisão preventiva do réu, aceita pela 26ª Vara Criminal do TJ-SP. O principal argumento era que Maldaun Neto estaria reincidindo no crime.
Em setembro, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) suspendeu por seis meses o registro de Maldaun Neto. "O Cremesp esclarece ainda que, mesmo com a interdição cautelar, sindicâncias e processos ético-profissionais em curso contra o médico seguirão normalmente, sob sigilo determinado por lei", disse o órgão, na época.
Em nota postada em seu site, Maldaun Neto diz jamais ter praticado "qualquer ato ilícito ou abusivo contra qualquer paciente". "Mantenho firme a confiança na justiça dos homens e de Deus, para provar a minha inocência, colocando-me à disposição para contribuir na apuração da verdade real dos fatos", afirmou.