Após caso Prevent Senior, disparam relatos de irregularidades na operadora
Nesta primeira fase, o MP paulista se concentra na tomada de depoimentos de parentes de vítimas e de pacientes que sobreviveram ao coronavírus
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Política Ministério Público
Desde que criou a força-tarefa para investigar o caso Prevent Senior há duas semanas, o Ministério Público de São Paulo foi procurado por 12 pessoas que disseram ter intenção de relatar irregularidades atribuídas à operadora de planos de saúde. Os novos contatos, que segundo os promotores responsáveis pelo caso crescem quase diariamente, se somam a um universo de nove pacientes supostamente usados como cobaias em um estudo com o chamado kit-covid realizado entre março e abril do ano passado.
Nesta primeira fase, o MP paulista se concentra na tomada de depoimentos de parentes de vítimas e de pacientes que sobreviveram ao coronavírus. Ao todo, seis pessoas já foram ouvidas. Uma delas teria dito que só ficou sabendo que o familiar tomou medicamentos ineficazes contra a covid-19 mais de um ano após a morte, pelo prontuário médico. O diretor-executivo da operadora de saúde, Pedro Benedito, também já foi ouvido. Os relatos serão retomados na próxima quinta-feira, 14.
A linha inicial de apuração se debruça sobre suspeitas de administração de cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes sem o seu consentimento e de ocultação de mortes. Os relatos de adoção indevida do tratamento paliativo e de coação de médicos devem ficar para uma segunda fase e podem, inclusive, ser desmembrados em frentes de investigação paralelas, segundo a força-tarefa.
De acordo com os promotores Heverton Zanella, Nelson dos Santos Pereira Júnior e Maria Fernanda de Castro Marques, há relatos de segurados da Prevent Senior que disseram ter recebido o kit-covid neste ano, após orientação contrária da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Além dos depoimentos, a equipe de trabalho analisa documentos obtidos em quatro frentes: compartilhados pela CPI da Covid, que revelou as suspeitas sobre a operadora de saúde; fornecidos pela advogada Bruna Morato, que representa o grupo de médicos que denunciou a Prevent Senior; repassados por familiares de pacientes, como exames, prontuários, receitas médicas e termos de consentimento; e transmitidos pela própria empresa em uma defesa prévia entregue aos investigadores.
Uma eventual quebra de sigilo da empresa, segundo a força-tarefa, só será solicitada após a análise da documentação que ainda está em fase inicial.
O principal objetivo do Ministério Público é verificar se houve dolo da Prevent Senior e se há, de fato, uma relação entre a administração do kit-covid e das nove mortes no estudo realizado pela operadora. O promotores contam com peritos médicos do próprio MP para ajudar na análise técnica. Outro ponto a ser esclarecido é a condição em que os termos de consentimento para uso dos medicamentos, quando fornecidos, foram assinados - isto é, se os pacientes ou familiares tinham conhecimento do que estavam autorizando.
A operadora de saúde nega irregularidades e diz ser alvo de denúncias infundadas na CPI da Covid. Também afirma que confia nas investigações e vai prestar todos os esclarecimentos ao Ministério Público de São Paulo.