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MEC decide acabar com Enem digital após baixa adesão

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep), órgão do MEC, poucos estudantes optaram nos últimos anos pela avaliação feita pelo computador, que tem alto custo.

MEC decide acabar com Enem digital após baixa adesão
Notícias ao Minuto Brasil

07:20 - 09/03/23 por Estadao Conteudo

Brasil Enem

O Ministério da Educação (MEC) decidiu acabar com o formato digital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), criado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) em 2020. Já este ano a prova será feita apenas presencialmente. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep), órgão do MEC, poucos estudantes optaram nos últimos anos pela avaliação feita pelo computador, que tem alto custo.

"Resolvemos cancelar a edição digital e não há planos para que volte a ocorrer", disse ao Estadão o presidente do Inep, Manuel Palácios. Em 2022, foram oferecidas 100 mil vagas para o Enem digital, 66 mil candidatos se inscreveram e menos da metade, cerca de 30 mil, apareceram para fazer a prova desta forma.

O custo do Enem digital em 2022 foi de R$ 25,3 milhões. O valor por estudante, portanto, foi de cerca de R$ 830, enquanto na prova impressa ficou em cerca de R$ 160. A aplicação do Enem impresso custou R$ 324 milhões no ano passado e envolveu mais de 2 milhões de estudantes.

Segundo Palácios, o alto custo também impede o Inep de expandir em escala a prova digital para que todos pudessem fazê-la neste formato. O exame pelo computador foi realizado em 672 locais de prova pelo País em 2022, em computadores com equipamentos de segurança oferecidos pelo Inep. Não era possível, por exemplo, fazê-lo na residência do candidato.

Quando foi anunciado, em 2019, pelo então ministro da Educação Abraham Weintraub, os planos eram de que houvesse um aumento gradual no número de estudantes e em 2026 o Enem fosse feito somente digitalmente. Mas nem a quantidade de vagas oferecidas pelo Inep nem a de inscritos cresceu. Foram registrados ainda problemas em locais de prova ao longo dos anos: muitas vezes os computadores não funcionaram corretamente e estudantes tiveram de terminar o exame no formato impresso.

Pesquisas sobre avaliações feitas pelo computador mostram que há vantagens nesse formato quando é possível incluir componentes digitais, como vídeos e áudios, por exemplo. Nas versões digitais também é possível personalizar o exame de cada candidato conforme suas respostas; por exemplo, se ele acerta determinadas questões, ele progride ou não para outras consideradas mais difíceis. Mas nada disso ocorreu no Enem digital.

"O exame era exatamente o mesmo, não havia nenhuma vantagem para o estudante e cada vez menos gente se interessava por ele", afirma Palácios. Exames como o Pisa, realizado no mundo todo com estudantes de 15 anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e o SAT, que seleciona para universidades americanas, têm versões online. O SAT oferece a opção para candidatos que estão fora dos Estados Unidos. Palácios afirma que pretende justamente usar a experiência adquirida com o Enem digital para avaliações feitas fora do Brasil pelo Inep, como o Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras), que certifica a proficiência em português como língua estrangeira.

Futuro

O Enem deste ano vai custar R$ 329 milhões e será realizado pelo Cebraspe, que venceu o pregão realizado no início do ano. O resultado foi divulgado nesta semana. Para o Enem 2024, Palácios afirma que o Inep está no processo de reunir especialistas para elaborar a matriz da prova, que deve se adaptar à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e ao novo ensino médio.

Ao Estadão, Palácios disse no mês passado que o órgão vai trabalhar para ter uma prova que avalie não só o conteúdo comum, mas as áreas específicas que agora fazem parte do ensino médio após a reforma dessa etapa de ensino, Para ele, o exame não pode determinar e direcionar o que as escolas vão ensinar nos itinerários formativos, criados justamente para deixar o ensino mais flexível, contemporâneo e interessante para o estudante.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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