Madonna tem os novinhos da geração Z como os seus maiores ouvintes no Brasil
Isso poderia ser só uma aleatoriedade nostálgica, mas sinaliza que Madonna expandiu seu séquito de fãs para as novas gerações no mesmo ritmo em que envelheceu e consolidou a carreira de 40 anos.
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Fama Madonna
VITOR ANTONIO, NICHOLAS PRETTO E PAULA SOPRANA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Há cerca de dois anos, "Material Girl" se tornou a música mais ouvida por jovens em vídeos do TikTok, rede social que tem seu principal público nascido por volta dos anos 2000, isto é, a geração Z.
O hit embalou uma trend, como são chamadas as tendências virais, em que os usuários filmavam parentes desprevenidos, como pai, mãe e avó, e adicionavam ao vídeo uma sequência de fotos antigas onde todos apareciam jovens e sensuais nos mesmos anos 1980 em que Madonna lançou a faixa, como parte do álbum "Like a Virgin".
Isso poderia ser só uma aleatoriedade nostálgica, mas sinaliza que Madonna expandiu seu séquito de fãs para as novas gerações no mesmo ritmo em que envelheceu e consolidou a carreira de 40 anos.
Agora, a cantora se prepara para reviver essa trajetória em um show gratuito na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, no próximo sábado (4), 12 anos após sua última apresentação no país, no estádio do Morumbi, em São Paulo.
No YouTube, a geração Z, nascida quando Madonna lançava "Ray of Light", de 1998, ou "Music", de 2000, responde por mais de 43% dos inscritos do canal da cantora, com pouca disparidade de gênero. Quem vem em seguida, com 32,7% do montante, é o público que tem de 25 a 34 anos. Os mais velhos, de 35 a 44 anos, compõem apenas 13,8% dos seguidores da artista na plataforma de streaming de vídeo.
Os dados analisados pela reportagem são da Chartmetric, start-up americana que capta dados musicais das principais plataformas digitais e vende serviços para a indústria fonográfica. Eles foram coletados no dia 24 de abril, a cerca de duas semanas do show da artista marcado no Rio de Janeiro.
As métricas estudadas apontam que Madonna, símbolo da libertação sexual feminina e considerada uma das "mães" dos homens gays, conseguiu manter a relevância entre as novas gerações. É um feito conquistado não somente por sua flexibilidade em adotar estilos que acompanharam diferentes tendências da moda e da indústria musical nos anos 2000, mas também por seu legado.
Não é preciso ser fã assíduo da artista para reconhecer sua importância na defesa da comunidade LGBTQIA+ quando pouco se falava de representatividade de minorias, que hoje se tornou uma das principais apostas do mercado de cultura e entretenimento.
Essa foi uma máxima que a cantora expressou como ninguém havia feito em faixas como "Vogue" e "Express Yourself", tidos pelo público como hinos de autoafirmação, que talvez não por acaso seja um dos principais valores dos jovens.
Os dados também mostram que, em termos absolutos, o Brasil é o segundo mercado para Madonna no YouTube. O país concentra 15% de seus inscritos, equivalentes a cerca de 1 milhão de pessoas, atrás apenas dos Estados Unidos.
Os fãs brasileiros são ainda seu principal público no Instagram, e São Paulo é a terceira cidade do mundo que mais consome a obra da diva pop americana. Já no Spotify, a principal plataforma de streaming de música hoje, mais de meio milhão de pessoas escutou suas músicas no último mês.
E a capital paulista não está muito atrás das primeiras cidades do ranking. Londres, a principal ouvinte, tem apenas cerca de 70 mil ouvintes a mais, e Santiago, a segunda, tem 36 mil. O Rio de Janeiro está na 17ª posição neste ranking, com 250 mil fãs que a
escutam mensalmente no serviço.
Com a dimensão do Brasil e os hábitos intensos de consumo de internet da população, a liderança em audiência é até esperada para artistas dessa magnitude. O país também aparece como principal mercado de outras divas pop com shows recentes ou previstos no Brasil, como Beyoncé, que fez aparição surpresa em Salvador no ano passado, Taylor Swift e Billie Eilish, que também se apresentaram nos últimos anos, ou Katy Perry e SZA, com shows neste ano.
Considerando o universo aproximado de usuários de YouTube no Brasil –segundo projeção da Statista, um número próximo dos 144 milhões–, o país se manteria no topo, com cerca de 730 ouvintes a cada 100 mil. Vale ressaltar que não é necessário ter uma conta para utilizar a plataforma, mas sim para se inscrever no canal da cantora.
A setlist prevista para o show em Copacabana, com base em apresentações anteriores em outros países, abarca várias eras da diva pop, de seu primeiro álbum, que lançou hits como "Holiday" e "Borderline", em 1980, até suas produções recentes, como "Living for Love", do álbum "Rebel Heart", de 2015, sem deixar de fora clássicos como "Like a Prayer", "Open Your Heart", "Live to Tell",
"Like a Virgin" ou "La Isla Bonita".
Em uma análise feita a partir de dados e métricas do Spotify, a escolha de músicas da turnê sugere que o público pode esperar por um show altamente enérgico. Também é esperado que seja um espetáculo muito dançante, com músicas mais felizes do que de tom depressivo.
A uma semana do show no Rio de Janeiro, a faixa mais tocada de Madonna no Spotify é o single "Popular", lançado há cerca de três anos com The Weeknd e Playboi Carti, que acumula por volta de 737 milhões de reproduções no Spotify. Já "Frozen", de 2003, e "Back that Up to the Beat", de 2022, estão na terceira e na quarta posição, respectivamente.
Considerando as dez faixas mais populares hoje na plataforma de streaming, a mais antiga da lista, por motivos não muito secretos, é "Material Girl" -que, por ora, não é esperada na apresentação brasileira.
COMO ASSISTIR AO SHOW DE CASA
O show será transmitido ao vivo pela Globo. Na televisão aberta, vai ao ar após a novela das nove. Será transmitido ainda no Multishow, que fará um esquenta com a exibição de clipes, e pelo Globoplay, que terá sinal aberto para não assinantes da plataforma.
A transmissão contará com cerca de 30 câmeras, sob a direção de Pedro Secchin em parceria com Jonas Akerlund, um diretor de videoclipes suecos que é parceiro de longa data da artista americana.
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