© Isac Nóbrega/PR
No salão cheio do Clube do Exército, era fácil confundir os protagonistas da festa: se a celebração desta quinta-feira (10) que atraiu figurões do governo era pela despedida do general Eduardo Villas Bôas do cargo de comandante do Exército, os tietados foram o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e seu ministro da Justiça, Sergio Moro.
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Cercado por flashes de fotógrafos e convidados que pediam selfies, o presidente cumprimentou apoiadores e sentou-se ao centro da mesa principal, ladeado pela mulher, Michelle, à sua esquerda e por Villas Bôas à sua direita.
Se durante a transição de governo e a posse o esquema de segurança em torno do presidente foi reforçado, na noite desta quinta o clima era bastante tranquilo.
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Na entrada, os presentes eram identificados apenas com um adesivo branco da Presidência da República, comum em eventos com a presença do mandatário. Os convidados não precisaram passar por raio-x ou revista. Também não havia lista de identificação, diferentemente do casamento do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que até as 21h ainda não havia chegado ao jantar.
Uma vez dentro do salão, a circulação era livre entre as mesas, e os convidados podiam se aproximar de Bolsonaro.
A reportagem acompanhou o início do jantar. O general deixará o posto nesta sexta-feira (11), obedecendo ao rodízio normal dos comandantes das três Forças, que ocorre no começo de todo mandato presidencial.
O assédio a Bolsonaro era tanto que o cerimonialista precisou pedir cinco vezes que os mais de 400 convidados se dirigissem às 53 mesas do salão, cada uma com oito lugares marcados, para que o aglomerado começasse a se dispersar.
O presidente não foi, porém, o único a ter de lidar com apoiadores durante o início da festividade. "A foto eu vou ter que recusar, porque senão vem um monte de gente pedir", disse o ministro da Justiça, Sergio Moro, a um homem que se aproximou dele para dizer que o conhece "mais do que ele próprio".
Na mesma mesa de Bolsonaro e Moro, ao centro do salão, sentaram-se, além de Villas Bôas e sua mulher, Cida, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e o sucessor do comandante, general Edson Leal Pujol. O vice-presidente, general Hamilton Mourão, foi o último a chegar para se unir aos convidados ilustres.
Nenhum dos filhos parlamentares do presidente, que costumam comparecer a eventos com ele, estava presente na festa.
A festividade começou por volta das 20h, e Bolsonaro chegou cedo. O presidente foi em traje esporte fino: camisa e blazer, mas sem gravata. Já a primeira-dama Michelle escolheu um modelo com estampa de oncinha, ombros de fora, babados e mangas na altura do cotovelo.
No cardápio, além da salada de "folhas nobres" -segundo o cardápio de letras douradas colocado nas mesas-, os convidados puderam escolher entre robalo ao molho de alcaparras com pierogi (espécie de ravióli) ao molho quatro queijos e bacon ou filé ao molho madeira com legumes salteados e arroz branco. De sobremesa, torta de abacaxi ou, para os mais light, frutas laminadas.
Garçons circulavam servindo sucos, refrigerantes e taças de espumante.
Bolsonaro mantém relação próxima com o comandante do Exército. Durante a transmissão do cargo de ministro da Defesa, no dia 2 de janeiro, o presidente disse que o general seria um dos responsáveis por ele ter chegado à Presidência, citando uma conversa que ambos tiveram entre os dois turnos da eleição. Com informações da Folhapress.